Animais

Aprendendo com os Leões

Por Eduardo Kato, biólogo e professor de Gestão Ambiental do INPG

De acordo com as observações de Norman Carr, guarda de caça no Parque Nacional de Kafue, norte da Rodésia (África), os leões formam grupos de 15 a 45 semelhantes de diversas idades. São liderados por um macho que se impõe vencendo seus companheiros pela luta.

O macho líder é responsável pela manutenção da estrutura do grupo e pela coordenação das ações de caça aos outros mamíferos de médio e grande porte (antílopes, búfalos, gnús, zebras, etc.). Quase sempre, a caça é o resultado de uma ação planejada e levada a efeito por um grupo de várias leoas e o leão líder.

Norman relata que por várias vezes observou um leão líder postar-se imóvel tendo o vento seguindo dela para um grupo de antílopes reunidos pastando na savana. Sua presença, notada pelos antílopes, tinha a função de distraí-los do cerco preparado por mais de uma dezena de leoas formando cuidadosamente um círculo e vindo pelo lado oposto, sem serem percebidas por causa da direção do vento. No momento certo o leão salta em direção aos antílopes que assustados correm desordenadamente em direção às leoas que freqüentemente conseguiam caçar até dois animais.

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Norman conta ainda que as fêmeas grávidas têm seus filhotes (geralmente dois) cerca de três meses e meio depois de fertilizadas. Próximo do momento do parto, a fêmea procura uma fêmea que já não esteja em idade de ter filhos ou uma jovem solteira (freqüentemente uma filha sua já adulta) para ajudá-la no parto e nos primeiros meses após o nascimento da nova ninhada. A função da “madrinha”, como chamam os massai (tribo de naturais que convive com os grupos de leões nas savanas africanas), é a de proteger a parturiente de ataques de animais (hienas, grandes aves de rapina e outros carnívoros) e ajudar a prover o grupo de alimento.

Nos primeiros três meses de vida os filhotes são mantidos escondidos em pequenas cavernas ou fendas de maciços rochosos. A mãe e a madrinha caçam em dupla para alimentar os filhotes. Sabe-se de casos em que as fêmeas chegam a carregar antílopes com até 150 kg por mais de 2 km para alimentar as crias.

Passado este período, os filhotes são apropriadamente “apresentados” para o grupo principal conduzidos pela mãe como que numa verdadeira “cerimônia de integração” dos novos membros. A não observância deste cuidado por parte da mãe, pode custa a vida dos pequenos, que são imediatamente devorados pelos machos do grupo.

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Uma vez aceitos como “amigos e membros do grupo”, passam a usufruir da dedicação e lealdade do grupo todo. Caso a fêmea mãe venha a morrer, outras fêmeas assumem automaticamente a função de “madrinhas” dos órfãos, passando a cuidar dos pequenos como se fossem seus próprios rebentos, protegendo-os, inclusive, do ataque de machos que freqüentemente irritam-se com a presença de jovens animais.

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