A descoberta do menor buraco negro já detectado por parte de dois cientistas da Nasa deve ser motivo de preocupação para os futuros viajantes do espaço, pois esse fenômeno poderá aprisioná-los e transformar o mais forte dos astronautas em espaguete.
Pequeno, porém forte, com uma massa de apenas 3,8 vezes o tamanho do Sol e com um diâmetro de pouco mais de 24 quilômetros, este buraco negro detectado na Via Láctea “revoluciona verdadeiramente os limites”, ressaltou o autor da descoberta, Nikolai Shaposhnikov, do centro espacial Goddard da Nasa em Greenbelt (Maryland, leste).
“Há vários anos, os astronautas queriam saber qual poderia ser o menor tamanho de um buraco negro, e este ‘rapazinho’ nos faz dar um grande passo para responder a esta pergunta”, acrescentou.
Apesar de seu tamanho, os futuros astronautas têm muito com o que se preocupar, assegurou Shaposhnikov. Os miniburacos negros exercem uma força de atração muito maior que os gigantes, que se encontram no centro das galáxias. De fato, os objetos pequenos são mais perigosos que os grandes.
“Se você se aventurar muito próximo deste buraco negro, a gravidade transformará seu corpo em um espaguete todo estirado”, disse, em tom jocoso, o astrofísico, ressaltando a importância “crucial” do satélite da Nasa RXTE para que essas descobertas tenham siso realizadas.
Este pequeno buraco negro, cujo campo gravitacional é tão intenso que impede qualquer forma de matéria ou radiação, foi detectado ao sul de nossa galáxia, na constelação Ara.
O satélite de raios X da Nasa, RXTE (Rossi X-ray Timing Explorer), descobriu em 2001 esta dupla formada por uma estrela e o buraco negro, batizado de XTE J1650-500, mas não determinou sua massa.
Shaposhnikov e seu colega Lev Titarchuk apresentaram sua descoberta na reunião da Sociedade Americana de Astronomia em Los Angeles (oeste dos Estados Unidos).
Os buracos negros não podem ser observados diretamente, mas são detectáveis graças ao seu impacto sobre seu ambiente. Os cientistas também observaram a matéria aprisionada pelo buraco negro, aquecida a temperaturas consideráveis antes de ser tragada, e que emitem uma torrente de raios X.
Baseando-se na medida da intensidade dos raios X, os astrônomos conseguiram determinar a massa do buraco negro e calcularam que é de 3,8 vezes a do Sol. Esta massa é muito inferior à do menor buraco negro descoberto anteriormente: 6,3 vezes a massa do Sol.
A detecção de um buraco negro tão pequeno tem uma importância capital para a pesquisa em Física.
Uma estrela ao se extinguir pode se tornar uma estrela de nêutrons ou um buraco negro. Os astrofísicos estimam que a diferença entre a formação de um buraco negro e a de uma estrela de nêutrons é de entre 1,7 e 2,7 vezes a massa do Sol.
A definição deste limite será fundamental porque permitirá aos cientistas saber mais sobre o comportamento da matéria submetida a condições de uma densidade extaordinariamente alta.
Fonte: http://br.noticias.yahoo.com/s/afp/080403/saude/eua_astronomia