Pesquisadores que se dedicam ao sítio arqueológico de Cajamarquilla tem motivos mais do que suficientes para comemorar. Recentemente, arqueólogos localizaram uma múmia perfeitamente preservada no local. A descoberta é uma das maiores adições aos estudos da pré-história sul-americana. Por muitos anos, esse período permaneceu inexplorado por falta de evidências, mas pesquisadores tem conseguido fazer descobertas inestimáveis nas últimas décadas.
No final do ano passado, foi divulgado pela primeira vez sobre a descoberta feita em Cajamarquilla. Atualmente, o local é um sítio arqueológico mas esse não era o caso há mil anos atrás. Os pesquisadores acreditam que Cajamarquilla tenha sido uma importante cidade, com mais de 10 mil moradores que vinham de diferentes regiões, e até territórios que hoje pertencem a outros países.
Os pesquisadores responsáveis pela descoberta são associados a Universidade Nacional de San Marcos, que liberou comunicado com informações mais detalhadas sobre a múmia. De acordo com o que estimam os pesquisadores, a múmia tem cerca de 800 a 1200 anos e pertenceu a um homem. Segundo análise, o homem morreu jovem, ainda no começo dos 20 anos de idade. A forma como a múmia foi colocada na tumba também sugerem que o indivíduo tenha pertencido a elite de Cajamarquilla, ou tenha sido algum tipo de comerciante.
A descoberta da múmia se deu em condições que chamam a atenção. Segundo informações da Universidade, a múmia estava amarrada e coberta com tecidos, em posição fetal, com as mãos no rosto. A múmia estava alocada em um cômodo subterrâneo. Os pesquisadores precisaram escavar sete degraus de escada, originalmente escavados em pedra, para descobrir o cômodo. Ainda segundo um comunicado da Universidade, era comum que múmias fossem preservadas com cordas e tecidos em Cajamarquilla, naquele período.
Ainda na tumba da múmia, pesquisadores descobriram o que acreditam ter sido oferendas. Ossos de cachorro e de lhamas, o corpo de um porquinho da índia e alimentos foram enterrados junto ao corpo. Apesar de parecer estranho, oferecer ofertas junto aos mortos era parte da cerimônia naquele período. Em muitas culturas, acreditava-se que o morto poderia sentir fome ou precisar de armas, até mesmo companhia.
Embora a descoberta tenha sido recebida com muita celebração, nem mesmo os pesquisadores esperavam por ela. Sem medo de admitir a surpresa, a arqueóloga Yomira Huamán Santillán foi muito sincera ao comentar sobre a descoberta, em entrevista à CNN. “O time inteiro estava muito feliz porque nós não pensávamos que isso fosse acontecer, […] Nós não esperávamos fazer uma descoberta tão importante”, declarou.
A mumificação foi um processo muito usado em períodos antigos, sendo muito famosa pelas múmias descobertas no Egito. No entanto, apesar do país africano certamente se destacar, pesquisadores descobriram evidências de que outras civilizações também tinham seus próprios métodos de mumificação. A descoberta de múmias na América do Sul é bastante celebrada porque não são tão comuns. O Brasil, por exemplo, tem registro de uma única múmia em toda a sua história. Com isso, essas descobertas ajudam a avançar mais na história do continente sul-americano e entender melhor as dinâmicas das civilizações que aqui se formaram.