No começo da pandemia da covid-19, muito se perguntou sobre o quanto o vírus poderia afetar cães e gatos. Logo começou a se concluir que o vírus poderia até infectar os animais, mas não seria capaz de desenvolver sintomas ou sequelas. Isso, no entanto, parece estar mudando. Uma nova pesquisa aponta que os animais domésticos estão sujeitos a uma variante do vírus, que tem sido capaz de gerar problemas cardíacos em suas vítimas.
O caso ainda não chega a ser alarmante porque os números são baixos. No entanto, a descoberta tem levado cientistas a se perguntarem quantos casos já podem ter acontecido sem o devido diagnóstico. Mas como toda essa pesquisa aconteceu? Pesquisadores do Reino Unido se interessaram pelo caso de dois gatos e um cachorro que testaram positivo para o vírus.
Os casos tem sido observados no Reino Unido porque a variante responsável é a Alfa, identificada pela primeira vez exatamente no país. Como é sensivelmente mais contagiosa que as demais, a variante Alfa logo sufocou as demais variantes no Reino Unido, se tornando a mais diagnosticada pelo sistema de saúde.
Mas como o caso chamou a atenção dos pesquisadores? Tudo começou com um aumento de casos de miocardite grave em animais de estimação. Pelo menos 26 indivíduos foram tratados no The Ralph Veterinary Referral Centre, em um intervalo de quatro meses. O salto de casos de doença cardíaca foi acompanhado por outro dado importante: a maioria dos animais manifestou sintomas após seus tutores contraírem a covid-19. O fato levou a uma pesquisa que resultou na descoberta.
Animais de estimação são sensíveis a variante da covid-19
Se cães e gatos não eram tão sensíveis a forma “crua” do vírus, as variantes estão causando um desafio. Em boa parte dos casos, os animais contraíram a covid-19 e passaram o período de incubação assintomáticos. No entanto, após alguns dias, começam a manifestar problemas de saúde e, já no veterinário, recebem diagnóstico de doença cardíaca.
A miocardite é um problema sério que pode levar a morte, trata-se de uma inflamação nos músculos do coração. “Nosso estudo relata os primeiros casos de cães e gatos afetados pela variante alfa da Covid-19 e destaca, mais do que nunca, o risco de que animais de companhia possam ser infectados com SARS-CoV-2″, declarou Luca Ferasin, autor do estudo.
Outro ponto muito importante do artigo é que esses animais de estimação estão apresentando problemas cardíacos que até então eram considerados raros em animais de estimação. Tratam-se de complicações comuns em adultos, mas que não eram registradas em cães e gatos. Essa mudança se deve a ação do vírus no organismo dos animais – algo que ainda não foi totalmente compreendido pela ciência.
Ainda assim, Ferasin alerta que o caso não chega a ser tão alarmante quanto parece. Embora inspira uma obersavação e estudos mais profundos, não existe motivo para crer que a pandemia possa avançar sobre os animais de estimação. “No entanto, a infecção por Covid-19 em animais de estimação permanece uma condição relativamente rara e, com base em nossas observações, parece que a transmissão ocorre de humanos para animais de estimação, ao invés do contrário”, declarou.
