Era uma noite muito chuvosa naquela estrada precária que liga a cidade de Parnamirim, interior de Pernambuco, a uma represa conhecida por Barragem do Chapéu. Estávamos numa viatura tipo caminhonete.
Eu vinha na cabine com o motorista e mais seis soldados viajavam na carroceria coberta. Próximo da meia noite, trovejava e relampeava bastante. Foi quando um soldado bateu no vidro e pediu para que parássemos.
Demos uma parada perto de um mourão e ele relatou que algo sombrio tentou puxa-lo para fora da viatura. Todos nós rimos e seguimos viagem, sempre zombando do rapaz que parecia muito assustado.
Quando chegamos à cidade, fomos procurar o destacamento da Polícia Militar, para nos enxugarmos e dormir.
Naquele destacamento, encontrava-se um senhor conhecido na cidade como Genaro, que tinha fama de ser um bom caçador noturno.
Ele ouviu quando nós estávamos rindo do soldado – dizendo que o recruta havia visto um fantasma.
O senhor Genaro calou nossa boca ao dizer precisamente o local onde tudo tinha ocorrido.
Ele contou que ninguém gosta de passar à noite rente ao mourão na estrada da Barragem do Chapéu.
Revelou que um amigo dele, também caçador, havia sido perseguido por uma sombra muito grande e forte que fazia barulho como uma fera. O tal caçador deu vários tiros naquele vulto que não parava de caminhar a seu encontro. Sem munição, ele teve que fugiu desesperado.
Nunca mais zombamos do soldado…