Animais

Como os animais controlam a natalidade…

O CONTROLE DE NATALIDADE DOS ANIMAIS
Por Eduardo Kato, biólogo e professor de gestão ambiental do INPG – Instituto Nacional de Pós Graduação

Todos sabemos que a matéria e o espaço são finitos. Isto é, não poderemos dispor indefinidamente de recursos naturais, por exemplo, alimento, que representa a energia necessária para a continuidade dos processos vitais. Não teremos recursos para qualquer tamanho de populações (um grupo de seres da mesma espécie) ou comunidades (conjunto de diferentes populações).

Podemos aprender com a mãe natureza: sabemos que populações da maioria das plantas e animais, tem o seu tamanho controladas naturalmente e com uma lógica fascinante, completamente destituída de emoções, por isso mesmo eficaz.

No caso da maioria dos animais vertebrados, constatamos uma forma natural muito efetiva (e complexa) de controle do tamanho das populações.

Na época da reprodução, muitas espécies de aves e mamíferos agem da seguinte forma – os machos em idade de gerar descendentes passam a lutar ente si para definir um território próprio e de tamanho adequado para nele construir um abrigo e cuidar dos filhotes gerados pela companheira que o escolheu (então, ele deve ter qualidades para ser escolhido !!!).

Qual a relação deste fato com o tamanho da população desta espécie de aves ? Vamos lá !

Tudo começa aparentemente de forma muito simples (……mas não é !) – com a definição de um “lugar”, um “endereço” novo para o casal. Como foi dito, este “lugar” é conquistado por um macho que traz em si características biológicas que o tornam competente para lutar e vencer os adversários que se apresentam (todos eles !!!). Dentre os inúmeros fatores, sua competência é marcada por qualidades definidas geneticamente – pais competentes geram descendentes possivelmente mais competentes, ou seja, existe um conteúdo geneticamente pré-definido para cada ser. Estes fatores hereditários definem o conteúdo de coragem, a possibilidade de ter um corpo apropriado (resistência física, sistema sensorial, sistema motor, atrativos sexuais, memória, capacidade de aprendizado, etc.) e muitos outros fatores.

A competência para estabelecer uma nova família depende, então, da capacidade de lutar bem e vencer as constantes disputas pelo domínio de um território. Sem um território o macho não pode se instalar para gerar descendentes.

Ocorre que a área total disponível e apropriada para cada espécie (habitat), é sempre limitada (finita) e é esta mesma área que será periodicamente dividida entre todos os territórios “familiares” padrões em tamanho. Então, o todo é dividido em um número quase constante de territórios, ou seja, os machos vencedores irão gerar um número determinado de descendentes que será suportado pelo habitat (espaço total apropriado para abrigar as “famílias”).

Em resumo, existe uma estreita relação física entre o tamanho de uma população de determinada espécie de aves (neste caso) e a competência dos machos desta mesma população definir territórios apropriados para a procriação – o controle da população é definido pela tamanho total da área adequada para o desenvolvimento de uma dada espécie (áreas cada vez menores em função de um processo de destruição implacável e altamente eficaz) dentro do qual um certo número de machos estabelecerá seus domínios de tamanho pré-estabelecido (definido pelo tamanho dos animais).

Verso e reverso:

Outro entendimento, é o de que o controle é feito “à priori”, ou seja de forma proativa. Não é o tamanho da população que determina o controle da população – é a disponibilidade de recursos naturais (espaço) e a competência para vencer fatores de seleção natural que determinam (no caso descrito) quantos machos vão gerar descendentes. O número de indivíduos permanecerá constante enquanto a disponibilidade de habitat não variar. Caso ocorra um aumento do espaço apropriado para o desenvolvimento dos animais, mais machos terão a oportunidade de constituir famílias e a população será aumentada proporcionalmente. Danos à qualidade do habitat farão sobrar menos “territórios” e uma menor população deve passar a existir. Esta é a metodologia para destruição e/ou preservação das espécies.

Mais – para que a reprodução e completo desenvolvimento de uma nova prole alcancem o pleno sucesso (novos elementos para a população) vários fatores externos também influem decisivamente.

A disponibilidade de alimentos e de espaço/lugar apropriado influem diretamente neste caso. O “lugar certo” representa o clima mais adequado (temperatura, chuvas, ventos, etc), a disponibilidade certa de alimentos em qualidade e quantidade e o abrigo necessário do “domicílio” da ação de predadores e intempéries (camuflagem, características de resistência contra intempéries, etc).

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