Os últimos dois anos foram sem precedentes na história moderna do mundo, com a pandemia da covid-19 e a guerra da Ucrânia. Todos os eventos que aconteceram ao longo do período serviram de palco para que o mundo entrasse em uma era onde muito é novo, pouco é certo e ainda menores são as garantias. Se a vida cotidiana parece estar voltando aos poucos ao normal, nos bastidores da política e ciência, os tempos são adversos.
A pandemia gerou uma série de consequências que não foram previstas. Houve escassez de produtos, crises geopolíticas, crises econômicas, milhões de mortos e cenários que nem sequer eram considerados. O que o mundo aprendeu com isso é que novos patógenos devem ser estudados e neutralizados antes de ganharem força suficiente para se tornarem ameaças. Mas o que a Guerra ensina? Logo depois do começo da aplicação das vacinas em grande volume, em fevereiro deste ano, a Rússia declarou guerra contra a Ucrânia, invadindo seu território.
Depois de tantos meses, é até difícil se lembrar que a guerra esta acontecendo, afinal de contas deixou de ter tanto destaque na mídia. No entanto, a invasão russa continua a todo vapor e, junto dela, mais uma revirada no tabuleiro da geopolítica internacional. Um dos países mais afetado pelo cenário de guerra é justamente a Alemanha, que possui acordos profundos com a Rússia, mas não apoia a guerra.
O problema do país é que atualmente a Rússia ocupa um lugar extremamente estratégico, fornecendo energia. Com a crise causada pela Guerra, o país europeu estuda as possibilidades para não mergulhar de vez na crise. Uma dessas possibilidades é justamente ir contra um projeto que previa o encerramento das usinas nucleares. Acontece que o país possui um plano muito bem definido para que as usinas nucleares sejam encerradas até o fim deste ano, um projeto que recebe muito apoio popular e vem sendo negociado há anos.
Só que a crise e o risco de ficar sem energia para boa parte do país tem levado o governo alemão a cogitar a ideia de adiar um pouco mais esse encerramento. A situação delicada que o país vive deixou claro que depender da Rússia para ter energia se tornou uma vulnerabilidade, por isso o governo alemão estuda formas de gerar sua própria energia. O cenário é tão dramático que algumas frentes do governo chegam a pedir a reativação de três usinas que foram desativadas em 2021. O grande medo é de que a Rússia corte o fornecimento de gás, o que geraria uma crise ao país.
Apesar de ser uma possibilidade, a verdade é que o governo alemão teria que trabalhar para manter as usinas operando. Primeiro porque, a partir de dezembro, por determinações anteriores, será ilegal manter as usinas em operação. Ou seja, o governo vai precisar promover uma revisão de várias decisões tomadas. Embora seja um esforço que parece ser inevitável, a Alemanha tem planos de médio e longo prazo para encontrar fontes renováveis e “limpas” de energia; mas o desafio agora é resistir a crise.