Talvez você tenha se deparado ao longo da semana com alguma notícia falando sobre o vulcão submarino de Tonga. Batizado de Hunga Tonga-Hunga Ha’apai, o vulcão atraiu olhares de cientistas de todas as partes do mundo, tamanho seu poder e intensidade. Algumas previsões apontam, por exemplo, que a simples erupção do vulcão pode elevar a temperatura da Terra. O vulcão entrou em erupção ainda em janeiro deste ano, mas suas repercussões continuam surpreendendo até hoje.
Segundo monitoramento de agências internacionais, a erupção gerou não apenas uma tsunami, como também ondas sonoras que chegaram a se espalhar pelo mundo todo, graças a uma explosão supersônica. O que isso tudo tem mostrado aos cientistas é que essa tenha sido uma das erupções mais fortes já observadas em toda a história. Detalhes sobre os efeitos da erupção foram estudados pelo Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, e o artigo foi publicado na Geophysical Research Letters.
Um dos pontos chave do estudo aponta que a erupção do vulcão causou a liberação de vapor d’água na atmosfera em um volume gigantesco. E é exatamente esse fato que pode gerar um superaquecimento da superfície terrestre. O fenômeno, apesar de um tanto assustador, duraria apenas um período limitado. “Essa erupção pode afetar o clima (…) por meio do aquecimento da superfície, devido à força radioativa do excesso de água estratosférica“, afirma um trecho do estudo.
Geralmente o efeito da erupção vulcânica é oposta ao aquecimento, justamente por causa da fumaça. O volume de fumaça geralmente cobre o céu e impede a penetração do sol, o que faz com que a temperatura caia. No caso do Vulcão de Tonga, por se tratar de um fenômeno submarino, o efeito foi justamente o oposto. Para se ter ideia da quantidade de água jogada na atmosfera como vapor, uma estimativa aponta que seria suficiente para encher 58 mil piscinas olímpicas (que exigem 2.500.000 litros de água, aproximadamente).
Os cientistas ficaram realmente impactados com a quantidade de água que o vulcão acabou gerando para a atmosfera, tanto que o estudo considera que as quantidades de enxofre e outros gases foi quase irrelevante, especialmente se comparado ao volume de água. “Isso não surpreende, pois a caldeira do Hunga Tonga-Hunga Ha’apai estava situada a 150 metros abaixo do nível do mar. A forte explosão liberou vapor d’água a altitudes de até 53 km“, diz o estudo.
Mas como o vapor d’água pode contribuir para o superaquecimento da superfície da Terra? A água evaporada, segundo aponta o estudo, pode se tornar um canalizador do calor do sol. Além do aquecimento da superfície da Terra, os pesquisadores acreditam também que o acumulo do vapor de água na atmosfera pode permanecer por muitos anos e contribuir para enfraquecer a camada de ozônio. Apesar disso, os pesquisadores acreditam que esse efeito seja apenas temporário e não suficiente para gerar um aumento nas alterações climáticas que já enfrentamos – isso porque é esperado que o excesso de vapor d’água se dissipe da atmosfera com o passar do tempo, encerrando o problema que deve ser temporário.