Viajar de avião é uma fobia para muita gente, especialmente depois de acidentes tão históricos e trágicos. No entanto, é possível afirmar atualmente que acidentes aéreos são raros. Na verdade, as viagens de avião são as mais seguras em termos de probabilidade de acidente. No entanto, alguns episódios do passado acabaram marcando a memória coletiva. Como é o caso de 1989, quando 9 pessoas foram sugadas para fora do avião.
O voo em questão partia do Havaí para a Nova Zelândia, transportando 355 pessoas, sendo 18 parte da tripulação. O avião, um Boeing 747 da United Airlines, parecia em perfeito estado e ninguém suspeitava de nada. No entanto, o pior aconteceu em pleno voo e ninguém poderia imaginar que algo do tipo pudesse acontecer.
O caso voltou a ganhar atenção depois que sobreviventes da experiência traumática decidiram falar. Dois sobreviventes da tragédia aceitaram conversar com Thomas Pappon, pelo podcast Que História!, da BBC News Brasil. Os dois lembraram os momentos de medo e tensão vividos.
Bruce Lampert era advogado na época e tinha experiência justamente defendendo pessoas que haviam sido vítimas de acidentes aéreos. Ele viajava para a Nova Zelândia, onde planejava passar suas primeiras férias em 3 anos de trabalho. Em entrevista, Lampert comentou que estava muito tranquilo e empolgado com a viagem. Ele estava relaxado e em nenhum momento imaginou que algum problema pudesse acontecer. “”Minha ideia era tirar os sapatos, botar fones de ouvido, desligar a luz, baixar o assento e dar uma boa dormida até a chegada a Auckland”, recordou. Já Ben Mohide, que também estava no voo, voltava para a casa da esposa, na Australia. Ele voltava de viagem a Las Vegas e também estava tranquilo, sem nem mesmo cogitar que alguma coisa pudesse acontecer.
Os dois se lembram que, nos primeiros 17 minutos de voo, tudo estava tranquilo e normal. No entanto, a situação mudou de forma brusca e violenta. “Em um nanossegundo houve uma explosão, uma descompressão, e tudo o que não estava preso ao chão ou a um assento estava suspenso no ar”, se lembra Lampert.
Uma das portas do compartimento de carga abriu em pleno voo e as consequências foram terrivelmente trágicas. A violação da pressão no interior do avião causou uma forte explosão que literalmente abriu um rombo na lateral da aeronave, sugando múltiplos objetos e 9 pessoas para fora.
Num primeiro momento, todos pensaram que o acidente pudesse ter sido causado por uma bomba, ou seja, que se tratasse na verdade de um atentado. Esse também foi o pensamento na cabine, logo em que tudo aconteceu. Isso porque, poucos dias antes, um avião havia sido derrubado por uma bomba, então a memória recente era terrível.
Com 35 anos de experiência em voos, o piloto David Cronin foi capaz de manter a calma e agir rápido. Ele conseguiu reduzir a altitude do avião para 4 mil metros, permitindo que todos fosse capazes de respirar no interior do avião. Cronin conseguiu administrar o caos por cerca de 21 minutos e manobrou o avião, retornando ao ponto de partida. Dessa forma, a maioria dos ocupantes do avião sobreviveram, mas as perdas foram inestimáveis.
8 pessoas foram sugadas para fora do avião e arremessadas no oceano pacífico. Uma pessoa foi sugada para fora do avião e engolida por uma das turbinas. “Você tinha de lidar, ao mesmo tempo, com a alegria de ter sobrevivido e saber que outros não sobreviveram”, lamentou Lampert.