Diante do avanço do vírus responsável pela varíola dos macacos, da pandemia da covid-19, ressurgimento de vírus considerados erradicados e outras ameaças de saúde pública, o mundo ainda tenta digerir a importância de estar atento e oferecer respostas rápidas a certas ameaças. Nessa última semana, um bom exemplo disso tem acontecido, conforme uma cepa ainda mais letal do Ebola avança em Uganda, na África.
No último dia 15 de outubro, o presidente do país, Yoweri K Museveni, divulgou uma decisão radical para tentar conter o avanço do vírus. Pelas próximas três semanas, algumas regiões do país entrariam em sistema de quarentena total. Além disso, moradores estão proibidos de entrar e sair de Mubende e Kassanda. Além disso, em ambos os distritos será imposto um toque de recolher entre as 7 da noite e as 6 da manhã. O transporte público sofreu alterações, bares, academias, áreas de lazer e coletivas estão temporariamente fechadas.
O país declarou estar vivendo um surto da doença em setembro deste ano, depois de investigar seis casos de mortes suspeitas. A princípio, as autoridades do país, inclusive o próprio presidente, estiveram relutantes em declarar a quarentena. No entanto, o aumento no número de casos exigiu uma resposta contundente. Atualmente, 58 casos foram confirmados, dos quais 19 pessoas morreram e 20 se recuperaram.
Em seu comunicado, o presidente destacou o quão contagioso e mortal o vírus pode ser, apelando para o cuidado das pessoas para evitar o trânsito entre as regiões e respeitar as imposições do governo. O surto da doença no país chamou a atenção internacional e já entrou no radar da Organização Mundial da Saúde, que tem monitorado o aumento dos casos e as ações locais para conte-lo. Além disso, Uganda não é o único país africano em alerta sobre o aumento de casos. Nove países africanos se reuniram para discutir medidas que possam impedir o avanço do vírus.
Em recente comunicado, o CDC do país procurou manter um tom tranquilo, transmitindo a ideia de que o surto ainda pode ser controlado. “Uganda tem experiência na gestão de epidemias e desde o início deste surto de Ebola, com o apoio dos nossos parceiros, tomamos medidas para limitar a transmissão da doença. Compartilhar experiências e fortalecer a colaboração entre nossos países nos permitirá responder de forma rápida e eficiente às emergências de saúde que afetam nossos países”, declarou a ministra da saúde Jane Ruth Aceng Acero.
Em resposta ao momento adverso, os Estados Unidos enviaram ao país lotes de um anticorpo experimental que tem se mostrado promissor contra a doença. A colaboração ainda não tem como alvo o público geral, mas os profissionais de saúde que atuam diretamente no controle do surto. “Se os profissionais de saúde começarem a adoecer e morrer, isso afetará negativamente a resposta”, declarou Joel Montgomery. Além do país, a Organização Mundial da Saúde também emitiu comunicado destacando o trabalho conjunto que vem desempenhando ao lado das autoridades do país.
Embora não seja um risco tão grande quanto a covid-19, que é um vírus transmitido pelo ar, a apreensão em relação ao avanço do Ebola não é novidade. O vírus já figura as listas da OMS há anos e vem causando surtos no continente africano desde o ano 2000. O grande receio é de que o vírus sofra mutações suficientes para se tornar ainda mais contagioso e letal, podendo gerar uma ameaça global.