Cotidiano

Se sentir mal após a vacina da covid-19 pode indicar uma melhor resposta imune

Em um país que chegou a registrar mais de mil mortes por dia, o atual cenário com menos de 100 mortes diárias por covid-19 parece ser o mais próximo de uma normalidade possível. Para algumas pessoas, o exercício de olhar para trás é doloroso e é compreensível. Ainda assim, esse exercício é necessário porque é a partir dele que podemos olhar para frente. Nesse sentido, é inegável o quanto as vacinas foram importantes no combate a pandemia.

Não só no Brasil, mas no mundo, a descoberta das vacinas contra a covid-19 e a aplicação em massa foram os dois fatos mais importantes do combate as mortes, do combate ao vírus. Ainda assim, muita gente deve se lembrar que as primeiras doses aplicadas foram carregadas de medo e insegurança. As vacinas são seguras? As vacinas vão causar efeitos colaterais? Foram algumas as perguntas que cercaram os imunizantes. Felizmente, a ciência venceu o medo e houve uma grande adesão ao imunizante.

A segurança da vacina foi comprovada não apenas nos testes, como também na prática. Só que nesse ponto houve uma diferença que não passou despercebida. Entre quem tomou a vacina contra a covid (vale lembrar que o Brasil aplicou três fabricantes em massa: pfizer, astrazeneca, coronavac e janssen) é possível dividir em três grupos: aqueles que não sentiram nada, aqueles que sentiram algum desconforto e aqueles que tiveram uma reação violenta.

Especialmente entre os imunizados pela AstraZeneca, por exemplo, um meme ficou muito conhecido na internet brasileira que brincava dizendo o seguinte: “a AstraZeneca imuniza na porrada”. Você deve reconhecer alguns dos e-mails abaixo:

Se os humilhados realmente serão exaltados, então temos uma boa notícia para você que integra o grupo dos imunizados na base da paulada e da humilhação. Muito tentou se explicar o porquê dessa disparidade. Haviam teses que afirmavam, por exemplo, que mulheres tinham maior tendência a sofrer de reações mais adversas; outra tese apontava que quem tinha se recuperado da covid-19 antes de ser vacinado poderia ter uma reação mais agressiva. No fim das contas, nenhuma delas foi exatamente assumida como incontestável.

Agora, meses depois das primeiras aplicações, uma nova tese foi apresentada e vem se mostrando forte. Um estudo com cerca de 1.000 pessoas vacinadas duas vezes não apenas identificou um punhado de fatores que previram reações mais fortes a uma vacina COVID-19 – principalmente, ser mulher, um pouco mais jovem e ter recebido a vacina Moderna – mas também identificou uma boa notícia.

O que o estudo identificou é que as pessoas com reações mais intensas contra a vacina parecem ter desenvolvido uma resposta imunológica mais forte contra o vírus. Antes de qualquer coisa, se acalme caso você não tenha tido uma reação – isso não significa que você não esta imunizado. Ou seja, não é porque alguém não teve febre que a vacina não tenha funcionado. Ao mesmo tempo, alguns estudos apontam que a reação com sintomas como diarréia, febre, vômitos e outros, parece estar de fato associado com uma ativação maior do sistema imunológico.

Embora o estudo esteja sendo observado com bastante atenção, é importante ressaltar algumas limitações do método. O tamanho da amostra foi bastante grande, mas também bastante homogêneo – a maioria dos envolvidos era branca não hispânica, com mais de 40 anos e da mesma classe socioeconômica. Além disso, os pesquisadores se basearam no relato de cada um dos voluntários – e a memória humana é definitivamente questionável.

Sobre o Autor

Roberta M.

Gosto de escrever sobre diversos assuntos, principalmente curiosidades e tecnologia. Contato: [email protected]