Assim como os seres humanos, animais domésticos como cães e gatos também podem ser infectados por uma série de vírus, bactérias, parasitas, etc. Para nossa sorte, a maioria dessas doenças não são transmissíveis entre cães e humanos, mas é sempre importante estar informado. Sabe-se que existem doenças que são transmissíveis de animais para seres humanos, por isso existem tantas recomendações de cuidados, higiene e, principalmente, a vacinação dos animais.
No entanto, como a pandemia da covid-19 provou, a ciência precisa estar sempre alerta sobre novos riscos e ameaças. Exatamente isto que cientistas da Universidade de Alberta, no Canadá, tem feito sobre uma doença muito rara, mas que tem aumentado cada vez mais sua incidência no país. Trata-se da equinococose alveolar humana (AE).
Esta é uma doença causada pelo equinococo ou tênia do cão, que é justamente transmitido do cão para o ser humano. Essa é uma doença causada por um parasita (verme, na linguagem popular), que infecta e adoece o animal, que posteriormente pode transmitir a doença através de suas fezes. O contágio do ser humano não é tão fácil, já que precisa haver o contato direto das fezes com a boca humana.
Olhando assim, você pode ate ter sentido um alívio ao pensar que jamais correria o risco de ter contato bucal com as fezes de um cachorro, não é? No entanto, uma das principais vias de contaminação pela doença é através de comida e água contaminados. Além disso, o simples contato com o pelo do animal contaminado também pode transmitir a doença.
Desde antes de 2013 já existem registros da doença na cidade, mas o número de casos tem aumentado de forma preocupante. Até então, apenas 2 casos haviam sido registrados. De 2013 à 2017, no entanto, o número saltou para 17 casos. Com isso, o alerta dos cientistas acendeu e novos estudos começaram a ser conduzidos. A doença pode ser violenta em humanos, já que o principal órgão afetado é o fígado e o tratamento, de forma geral, depende do diagnóstico precoce. O parasita se torna muito resistente quando alojado no corpo humano, o que significa que antiparasitários comuns não são capazes de elimina-lo – embora consigam impedir seu crescimento.
A forma como o parasita se aloja também intriga os cientistas. No corpo humano, o parasita consegue gerar um tumor semelhante a um tumor cancerígeno. Se não for combatido, esse tumor cresce e se torna letal em muitos casos, podendo matar seu hospedeiro humano em 10/15 anos. Quando diagnosticado cedo, o tratamento para a doença costuma ser cirúrgico, através da retirada da parte afetada do fígado.
Em seu ciclo de vida típico, o parasita vive inofensivamente no intestino delgado de caninos, geralmente raposas e coiotes, mas também de cães de estimação. Esse cenário muda de figura quando os ovos desses parasitas são expelidos nas fezes caninas e ingeridos, por humanos ou roedores.
Dos 17 casos documentados neste estudo, 11 pacientes viviam em áreas rurais, 14 deles tinham cães de estimação e seis tinham um sistema imunológico enfraquecido. Em quase metade dos casos, os pacientes só foram diagnosticados com a infecção parasitária durante o teste de uma doença diferente.
O estudo foi publicado no American Journal of Tropical Medicine and Hygiene e destaca o quão grave a infecção pode se tornar. O texto, no entanto, também alerta sobre o quão rara é a doença e aconselha a adoção de medidas de higiene. “Não devemos nos obcecar com isso”, diz o texto.