Ciências

Pequena alteração nos genes poderá revelar o dia e a hora em que uma pessoa morreu

Esse estudo na atividade genética poderá no futuro revelar a hora da morte de vítimas de crimes. Veja!

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O famoso detetive Sherlock Holmes deveria ter sido geneticista. Após uma longa pesquisa sobre as atividades dos genes no tecido humano após a morte, os biólogos computacionais deram os primeiro passos para prever quando alguém morreu baseado nesses padrões.

“Pode-se imaginar uma época em que os laboratórios serão equipados com programas de inteligência artificial que usam a expressão gênica juntamente com outras informações contextuais para determinar o tempo e a causa da morte, entre outras coisas”, afirmou Ilias Tagkopoulos, cientista da Universidade da Califórnia, que não esteve envolvida com o trabalho.

O biólogo computacional Roderic Guigó não iniciou a sua trajetória como detetive da morte. Ele, que é do Centro de Regulação Genômica de Barcelona, na Espanha, também faz parte do piloto Genotype – Tissue Expression (GTEx), que é um consórcio de geneticistas e biólogos moleculares que tem medido a atividade genética em tecidos de centenas de pessoas, vivas e mortas.

Genes

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O objetivo é conseguir determinar como o corpo faz para que as moléculas diferentes façam coisas diferentes, uma vez que todas elas têm as mesmas funções no DNA. Ele também procura determinar como pequenas variações no DNA, de pessoas para pessoa, mudam o que as células fazem. Outros pesquisadores já mostraram que alguns genes permanecem ativos até 4 dias após a morte. Guigó queria descobrir como a atividade dos genes muda conforme o tempo de preservação é estendido.

Os pesquisadores analisaram 9.000 amostras de 36 tecidos, resultando num “impressionante conjunto de dados”, conforme relatou Tagkopoulos. Cada amostra inclui dados sobre o tempo entre a morte do doador e a preservação da amostra. Cada tecido tem um padrão particular que aumenta e diminui as atividades dos genes ao longo do tempo, e essas mudanças podem ser capazes de retardar até a hora da morte, informa a equipe na Nature Communications.

“A resposta à morte do organismo é bastante específica do tecido”, explica Guigó. Por exemplo, houve muito pouca mudança ao longo do tempo na atividade genética do cérebro ou do baço, mas mais de 600 genes musculares aumentaram ou diminuíram rapidamente a atividade após a perda da vida.

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Guigó e seus colegas desenvolveram um software que conheceu o padrão de 399 pessoas. Eles testaram o quanto o software de inteligência artificial previu a hora da morte de 129 outras pessoas. Esse dispositivo descobriu que no sangue, a diminuição da atividade dos genes envolvidos na produção de DNA, resposta imune e metabolismo, indicava que a pessoa havia morrido cerca de 6 horas antes da preservação. A maioria das alterações de atividade ocorre entre 7 e 14 horas após a morte. Só depois das 14 horas, quando a atividade genética se estabiliza, eles fazem o relatório.

Cena de crime

Segundo Tagkopoulos, essas descobertas fazem todo o sentido. “No nível celular, a morte é uma cascata de eventos que afetam os processos biológicos em diferentes escalas de tempo”, diz ele, e os genes controlam essa cascata.

Esse programa é o primeiro passo para aproveitar a atividade dos genes de fora. Embora a equipe tenha conseguido mostrar que a hora da morte pode ser estimada, ela não conseguiu reduzir o número dos genes necessários para fazer essa previsão. Com isso, quanto maior for o número de genes, mais preciso ficará o trabalho.

Pedaços de genes

Ainda assim, Guigó espera poder ver o que ele pode aprender com esses padrões.

Fonte: ScienceMag.

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