Por mais gente boa que você seja, e por mais que negue, certamente você já sentiu inveja de alguém em algum momento da vida. Mas, antes que você leve a frase para o lado pessoal, fique calmo e continue lendo! Para entender esse tipo de afirmação é preciso entender, antes de mais nada, que a inveja é um sentimento como todos os outros. Por mais que a sociedade implique à ela valores negativos, trata-se de um sentimento humano do qual somos incapazes de nos desvincular totalmente.
Talvez você não seja o tipo de pessoa que fica remoendo o sucesso alheio ou que chegue a se sentir mal pela inveja que sente do outro. Pode ser que você nem sequer cobice o que o outro tem necessariamente, mas se sinta mal por se comparar ao sucesso alheio. Fato é que, embora nem todo mundo seja o tipo invejoso tóxico, todo mundo é perfeitamente capaz de sentir inveja e, no seu mais profundo íntimo, ter prazer com a frustração alheia.
É muito comum que se confunda os conceitos por trás da inveja, ciúme e cobiça. É importante entender onde cada um se difere, para que a conversa prossiga. Em primeiro lugar, o ciúme é o medo de perder algo que você acredita que seja seu – neste caso, também pode ser uma pessoa. Esse sentimento esta frequentemente associado a insegurança e, quando fora de controle, também pode ser perigoso. A cobiça, por sua vez, é o desejo de ter algo que não é seu. Na cobiça, via de regra, você não chega a sentir algo negativo pela pessoa que possui aquilo que você deseja ter; o mesmo não acontece com a inveja, por outro lado.
A inveja esta diretamente relacionada ao mal-estar que você alimenta pelo sucesso do outro. A conquista do outro te incomoda de tal forma que você chega a desejar que ele se frustre. Nem sempre existe o desejo de ter o que o outro tem, mas a frustração íntima em ver o outro alcançando lugares, posições e coisas que você não tem acesso.
Para a psicanálise, a inveja é resultado direto da forma como nós construímos nossa própria identidade. Isto é, eu sou apenas a partir do outro; porque é neste processo de percepção dos outros que nos tornamos capazes de perceber a nós mesmos. Nesse sentido, a inveja é a “confusão” entre aquilo que desejamos que o outro veja, reconheça e valide em nós; e aquilo que reconhecemos do outro. É, desta forma, a confusão entre alteridade e identidade que resulta na inveja.
Essa é apenas uma maneira de compreender a inveja, mas uma coisa é certa: a inveja pode causar dor psicoemocional, quando descontrolada. O invejoso pode sentir tamanha frustração com a conquista alheia, que isso pode literalmente o levar a sentir dor, de uma maneira que ele próprio não é capaz de compreender. Não é à toa que a inveja pode levar a atos passionais, por isso é importante estar atento e procurar ajuda caso se sinta fora de controle.