Provavelmente você já fez referência a personalidade de alguém em algum momento, talvez até a sua própria. “Fulano é assim mesmo, é da personalidade dele”; você já disse algo assim? É muito provável que sim, afinal entendemos a personalidade como um traço muito forte daquilo que a pessoa é, construção daquilo que o indivíduo demostra. Então é compreensível que alguém se pergunte sobre isso; afinal, será que é possível mudar uma personalidade? É claro que as pessoas mudam, faz parte da natureza humana, mas será que estamos mudando a nossa personalidade quando passamos por alguma mudança? É nesse caminho que o pesquisadores da Universidade de Zurich, Mathias Allemand, se dedicou a explorar.
Muito se imagina que a formação da personalidade esta diretamente ligada a infância e adolescências; mas, ao mesmo tempo, também se acredita que esse processo se encerra após esse período. Em geral, temos a ideia de que uma pessoa adulta esta menos sujeita a se influenciar, isto é, tem sua personalidade formada. Mas será que é realmente assim que as coisas funcionam?
Estudos mais recentes tem nos mostrado que não, pelo menos não da forma como se imaginava. O que se sabe agora é que nossa personalidade continua sendo formada conforme envelhecemos. Isso significa, em outras palavras, que as influências que recebemos, a partir das experiências que temos, formam nossa personalidade. O que ainda não se sabe é até que ponto essas mudanças são deliberadas; isto é, intencionais. Até que ponto somos capazes de mudar nossa forma de pensar de forma proposital? Até que ponto mudamos nossos gostos, inclinações e preferências?
Existem evidências de que somos, sim, capazes de fazer isso. No entanto, a extensão dessa capacidade ainda é uma grande incógnita. A maneira como atualizamos nossa personalidade, de acordo com o que entramos em contato, é uma grande questão para as ciências que estudam o cérebro. De forma geral, estamos sempre passando por alterações, mas é difícil entender como elas funcionam.
Para estudar esse aspecto do nosso cérebro, os cientistas costumam separar o cérebro em cinco grandes áreas: conscienciosidade, amabilidade, extroversão, abertura à experiência e neuroticismo. Pode parecer simplista demais, mas esse é apenas um método para organizar as investigações, digamos assim. O que é possível descobrir a partir disso?
Alguns estudos mostram que pessoas com níveis mais altos de consciência tendem a viver mais, desfrutar de melhores relacionamentos e alcançar níveis mais altos de desempenho acadêmico e profissional. No entanto, pesquisas realizadas na Holanda indicaram que o excesso de custos médicos incorridos por aqueles que estão entre os 25% mais ricos em neuroticismo são 2,5 vezes maiores do que os custos incorridos por pessoas com transtornos mentais comuns.
A personalidade não é estática, mas também não pode ser confundida com outras coisas que não nomeamos. Uma pessoa angustiada por estar sofrendo de ansiedade ou depressão, mas isso não quer dizer que o transtorno esteja associado a sua personalidade. A personalidade, no entanto, pode sim influenciar na maneira como a pessoa se comporta em sociedade, como conduz suas relações pessoais e etc.