A leishmaniose tem sido, por décadas, um problema de saúde pública que atinge não apenas o Brasil, mas também outros muitos países no mundo. A doença é, na realidade, um conjunto de moléstias causadas por protozoários do gênero Leishmania e da família Trypanosomatidae. A doença pode se tornar grave e levar a perda da qualidade de vida e, em alguns casos, até mesmo a morte. O grande desafio em relação a leishmaniose é a falta de tratamentos preventivos, bem como a inexistência de uma cura.
O paciente que contrai a doença passa a conviver com ela e tem a sua disposição tratamentos que visam conter os sintomas. Em geral, no Brasil, os tratamentos são bastante duros ao organismos e possuem um grau considerável de toxicidade. Uma opção menos danosa que apresente uma eficácia maior ainda estava fora de cogitação, pelo menos até agora. Um novo estudo tem demostrado resultados promissores em testes com ratos e pode avançar em breve para testes em humanos.
Por enquanto, os estudos tem obtido resultados promissores para um tipo apenas da doença, mas os pesquisadores tem esperança de que o mesmo imunizante ainda possa se demostrar eficaz para outras formas da doença, ainda mais agressivas. O tipo alvo da vacina é a Leishmania mexicana, que causa lesões na pele do paciente. Essas lesões não cicatrizam e passam a ser um grande problema porque o paciente deve se preocupar sempre com o risco de infecção e aumento da lesão. O estudo foi publicado no NPJ Vaccines e o artigo explica o método usado pelos pesquisadores. A vacina foi desenvolvida a partir da mutação de um parasita vivo que é propositalmente inserido no organismo do paciente. Este parasita, por sua vez, passa a induzir a resposta imunológica.
COMO FUNCIONA A VACINA?
Para desenvolver a vacina, eles deletaram o gene centrina do genoma da L. mexicana, algo que é fundamental para a divisão celular do parasita. O efeito da edição genética parecia ser que, embora o parasita ainda pudesse infectar células imunes e fazer cópias de si mesmo, ele não conseguia se replicar o suficiente para ser sintomático. Isto é, o paciente continua infectado pelo parasita, mas este perde a força o suficiente para que seus sintomas não se desenvolvam. Até o momento, os testes foram realizados em camundongos e mostraram resultado animadores. A nova vacina tem aumentado a expectativa para um tratamento ainda mais eficaz.
O DESAFIO DA LEISHMANIOSE
A leishmaniose tem sido um grande desafio para a medicina. Acredita-se que, no Brasil, cerca de 3.500 pessoas sejam diagnosticadas com a doença todos os anos. Além disso, este número é 200 vezes maior em cães. A doença, por não possuir cura, demanda cuidados prolongados que duram a vida toda do paciente, o que, consequentemente, gera custos ao Estado.
A doença é causada por um conjunto de parasitas e se apresenta de diversas formas. A possibilidade de uma vacina traz esperança para milhares de pessoas (milhões, no mundo) de um dia se ver livre da doença ou de seus sintomas, que muitas vezes são incapacitantes.