Matar um filho que tenha nascido com uma deficiência física é algo inaceitável para a sociedade, considerado um crime, além de ser uma crueldade sem precedentes. Contudo, para cerca de 13 etnias indígenas do Brasil isso é uma tradição, ou seja, os índios têm o hábito de sacrificar a vida das crianças que nascem com problemas físicos ou genéticos.
Esse tipo de prática acontece desde os primórdios da história do Brasil, bem antes de os portugueses chegarem às nossas terras. Os recém-nascidos são analisados depois do parto e, caso apresentem alguma deficiência física, eles acabam mortos.
Apesar de ser uma prática desumana, ela não é considerada crime para as comunidades indígenas, já que a Constituição brasileira garante aos índios o direito ao infanticídio. Isso acontece porque as tradições indígenas são respeitadas e, para eles, sacrificar o filho com deficiência é como um gesto de amor, já que, teoricamente, serviria para proteger a criança dos possíveis sofrimentos de uma vida com limitações.
Já existem alguns projetos de lei em discussão para tentar abolir essa prática do Brasil. Entretanto, a maior parte dos antropólogos afirma que os políticos não devem interferir na cultura indígena.
A situação de Roraima
A cidade de Caracaraí, no Estado de Roraima, é considerada a principal localização de infanticídio no Brasil. Segundo o Mapa da Violência, do Ministério da Justiça, em apenas um ano, 37 índios recém-nascidos foram assassinados por suas mães depois do parto.
A tribo dos ianomâmis é uma que pratica o infanticídio em casos de bebês com deficiência física. Esse tipo de homicídio infantil normalmente acontece no meio da floresta. As índias grávidas entram na mata para dar à luz e voltam sem os bebês para a aldeia.
Outras tribos isoladas também praticam esse tipo de ato, entre elas os suruwahas e os kamaiurás. Em alguns casos, os bebês também são mortos quando são gêmeos ou filhos de mãe solteira, pois acabam considerados como crianças amaldiçoadas.
Em grande parte dos acontecimentos, os bebês são enterrados, envenenados ou simplesmente deixados no meio da floresta para morrer. As mortes acontecem imediatamente após o parto ou com um tempo de vida de até seis dias.
A Constituição Brasileira
O artigo 5º da Constituição Brasileira assegura o direto à vida a todas as pessoas, o que, na teoria, poderia proibir esse tipo de prática entre os índios. Mas, ao mesmo tempo, a Constituição também reconhece e protege os costumes, tradições e a cultura dos índios e, por isso, as mães indígenas que matam seus bebês não poderiam ser condenadas.