Ciências Cotidiano

Você tem mais chances de desenvolver depressão em ambientes ‘tóxicos’ de trabalho

A depressão é uma doença mental que já foi identificada há décadas, é alvo de pesquisas há décadas e, ainda assim, continua sendo tabu na sociedade. Especialmente em estilos de vida tão corridos e “práticos” quanto os nossos dentro do capitalismo, é muito difícil ter espaço para falar sobre a depressão.

Aquele atingido pela depressão costuma experimentar sintomas muito intensos e difíceis de serem explicados. É natural que as pessoas ao seu redor tenham alguma dificuldade em compreender os sintomas que você tenta descrever, mas é fundamental estar em um ambiente seguro e saudável para encarar o tratamento e começar a caminhada em direção a uma mente saudável.

A maioria dos médicos já era capaz de associar a saúde do paciente e o ambiente em que ele esta inserido. Nunca houveram dúvidas sobre o potencial destruidor que ambientes tóxicos e abusivos podem ter sobre uma pessoa. No entanto, não são muitos os estudos que tentam quantificar o quanto esses ambientes podem ser nocivos. Agora, um novo estudo sugere que pessoas que trabalham em ambientes tóxicos podem ter até 300% de chance a mais de desenvolver depressão.

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A pesquisa, publicada no BMJ Open, pretendia investigar o clima de segurança psicossocial no local de trabalho (em inglês, PSC) – um termo abrangente para práticas e sistemas de gestão que visam conservar a saúde e segurança mental dos trabalhadores. Para fazer isso, eles revisaram dados sobre trabalhadores na Austrália que duraram um ano para procurar associações entre práticas de gestão e questões de saúde mental.

A revisão constatou que a má saúde mental no local de trabalho pode ser associada a um baixo PSC, uma classificação dada aos locais de trabalho que exibiam práticas, prioridades e valores de gestão inadequados – o efeito cumulativo disso era alta demanda de trabalho e poucos recursos. Embora as longas horas de trabalho estivessem associadas a casos graves de depressão, eles mostraram uma associação mais fraca com os casos moderados, e constatou-se que práticas de gerenciamento inadequadas representam um risco maior de depressão. A gerência que não reconheceu a saúde mental da equipe também apresentou taxas mais altas de bullying e burnout.

Isto significa que nem sempre a carga horária de uma certa atividade profissional vá determinar os riscos de depressão. Ou seja, uma pessoa que trabalha muitas horas, mas em um ambiente agradável de trabalho, tenha menos chances de desenvolver depressão, se comparado a uma pessoa que trabalha com menos carga horária mas em um ambiente tóxico.

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“As evidências mostram que as empresas que não recompensam ou reconhecem seus funcionários pelo trabalho árduo, impõem demandas irracionais aos trabalhadores e não lhes dão autonomia, estão colocando seus funcionários em um risco muito maior de depressão”, disse a Dra. Amy Zadow, da University of South Australia, em um comunicado. “Também descobrimos que o bullying em uma unidade de trabalho pode não só afetar negativamente a vítima, mas também o perpetrador e os membros da equipe que testemunham esse comportamento. Não é incomum que todos na mesma unidade experimentem o esgotamento como resultado”, explica.

 

Sobre o Autor

Roberta M.

Gosto de escrever sobre diversos assuntos, principalmente curiosidades e tecnologia. Contato: [email protected]