A ciência faz avanços diariamente, até mesmo em áreas que muitas vezes nós nem conhecemos. No entanto, muitas dessas descobertas e avanços são impressionantes e realmente capazes de tirar o fôlego. A notícia de hoje é exatamente nessa linha: de fazer cair o queixo. Imagine reparar a coluna de bebês ainda dentro do útero! Essa cirurgia existe e já foi realizada com sucesso em uma pequena amostra, mas mostrou resultados animadores.
Essa cirurgia não é exatamente nova, mas relativamente recente. Em 2018, ela começou a ser realizada no Reino Unido, de forma revolucionária. Com o método, bebês que teriam predisposição a nascer com deformidades, paralisias, entre outros problemas, poderiam ter a coluna reparada ainda no útero. Parece muito invasivo, mas é uma das formas mais seguras em relação a cicatrização.
A novidade agora é que cirurgia foi implementada em todo o Reino Unido, e o NHS, o serviço de saúde do país, relata que ela foi realizada em 32 bebês desde janeiro de 2020. A incrível cirurgia envolve até 30 profissionais médicos especializados na sala de operações para operar o feto em desenvolvimento a partir de apenas 5 meses de gravidez. A cirurgia é uma das melhores “armas” no combate a chamada espinha bífida.
A espinha bífida é uma forma de defeito do tubo neural que pode afetar qualquer ponto ao longo da coluna, no qual a espinha dorsal não fecha corretamente. Isso pode causar danos aos nervos ao seu redor, incluindo a medula espinhal, além de deixar esses nervos expostos e vulneráveis. Pode variar em gravidade e causar uma série de deficiências mentais e físicas, com casos graves causando paralisia.
A cirurgia é uma grande revolução porque muda completamente o tratamento oferecido a esses bebês. Isso porque, antes, a cirurgia de reparação era realizada assim que a criança nascia. O problema disso é que os problemas desenvolvidos dentro do útero eram permanentes, a cirurgia só prevenia que novos problemas surgissem. Sendo assim, a mudança oferece mais chance dos pacientes terem qualidade de vida, já que corrige problemas cedo, durante a formação.
Para realizar a cirurgia, os médicos contam com um maquinário específico. É claro que a cirurgia não pode ser aberta, já que a barriga da grávida e a bolsa amniótica, que envolve o bebê, precisam ser preservadas. Assim, a cirurgia é realizada através de um buraco mínimo, por onde aparelhos como pinças são inseridas e monitoradas por vídeo. A cirurgia não é livre de riscos, mas traz benefícios maiores do que os riscos.
Atualmente, a operação é oferecida como uma colaboração entre centros na Bélgica e Londres, isso porque trata-se de uma cirurgia muito delicada que exige cuidados e tecnologia extremas, muito especializadas. Para promover a cirurgia, o NHS compartilha casos de sucesso e um desses é o de Helena Purcell. Seu bebê recebeu o diagnóstico de espinha bífida e passou por cirurgia durante a 23º semana. Após a cirurgia, o bebê está muito bem, com movimentos nas pernas, controle sobre os movimentos intestinais e um nível muito reduzido de líquido no cérebro – o acúmulo de líquido no cérebro é um sintoma comum em diagnóstico de espinha bífida.