As últimas semanas tem sido um verdadeiro sonho para a maioria das pessoas mundo afora. Muitas restrições estão sendo removidas, o turismo tem sido retomado, atividades culturais e de lazer… A vida, de maneira geral, parece estar sendo retomada. Ainda assim, é seguro afirmar que os estudos sobre a covid-19 ainda vão se estender por ano, afinal de contas, trata-se da primeira pandemia do mundo moderno – e um prelúdio para o que pode acontecer.
É exatamente porque existe risco de novas pandemias que cientistas tem se mostrado tão interessados em entender a covid-19. Não se trata apenas do surgimento do vírus, mas na lentidão da resposta da maioria dos países e também em como os protocolos internacionais foram eficientes e ineficientes. Ou seja, apenas entendendo profundamente o que aconteceu é que seremos capazes de prevenir novas situações.
Além disso, é de interesse dos pesquisadores descobrirem novos métodos de tratamento. A vacina é a melhor maneira de prevenir a doença, mas os cientistas também querem descobrir outras formas, inclusive para tratar quem se contaminar. Um cenário de imunização global contra a covid-19 é ideal, mas ainda assim não impedira 100% a circulação do vírus.
Uma das formas de tratamento que, até aqui, vinha sendo deixada de lado é a genética. Até este momento, os pesquisadores estiveram focados em desenvolver vacinas e agora isso começa a mudar. Uma das grandes esperanças é a de que as pessoas passem a ter uma resistência genética, mas essa tese era pouco explorada até agora.
Publicado hoje na Nature Immunology, a perspectiva baseia-se na riqueza de conhecimento já existente para considerar fatores que podem influenciar a suscetibilidade de um indivíduo a resultados graves, bem como fatores que podem dar origem a resistência inata. A equipe apresenta vários alvos para pesquisas futuras e fornece uma estratégia abrangente detalhando como esta pesquisa será conduzida.
A pandemia tornou bastante clara a capacidade que vírus tem de mudar e alterar suas estruturas. Isso os torna cada vez mais resistentes e não é por nenhum motivo. Na verdade, essas mutações são sua forma de sobreviver e não serem inteiramente varridos. Com a covid-19, a experiência global foi a de uma doença que variava em casos leves, assintomáticos, moderados à casos de hospitalização e risco real de vida.
O que os pesquisadores sugerem é que nada disso é apenas por acaso, por sorte ou azar dos pacientes. A tese do estudo é a de que a variabilidade clínica do COVID-19 possa ser explicada por fatores genéticos. Para entender essa tese, um exemplo: os pesquisadores descobriram uma forte relação entre os casos graves e uma deficiência de interferons tipo I (IFNs) nos pacientes.
Esse é um estudo que pode modificar totalmente a forma como a covid-19 vem sendo interpretada pela medicina. A falta de respostas sobre como a doença evoluía nos pacientes sempre foi uma das maiores dificuldades e desafios à medicina. Essa descoberta pode ajudar no desenvolvimento de testes preventivos, além também de novos tratamentos para a doença de um aspecto mais geral.