A pandemia da covid-19, lamentavelmente, gerou as condições perfeitas para que uma guerra ideológica se estabelecesse entre aqueles que defendem a ciência, e aqueles que acreditam que tudo não passa de um método de manipulação. As teorias da conspiração estão cada vez mais fortes e, no fundo, quem perde com isso somos todos nós, enquanto sociedade.
A covid-19 é uma doença que ganha seu “poder” na sua capacidade de contaminação. Proporcionalmente, sua taxa de mortalidade não é tão alta, mas isso não significa que as milhões de mortes mundo a fora devam ser consideradas poucas. O que acontece é que o vírus consegue contaminar muita gente e, com isso, mesmo uma baixa porcentagem de mortalidade já representa muita gente. A luta contra a pandemia é literalmente uma vida para salvar vidas.
Nesse cenário, as vacinas se tornaram nossa melhor chance de salvação. Em função de se tratar de uma pandemia, laboratórios do mundo inteiro começaram esforços para desenvolver uma vacina e o resultado disso foram dezenas de imunizantes, desenvolvidos em tempo recorde. Ainda assim, existe um grupo que se recusa a tomar a vacina.
Esse grupo é conhecido como “antivacina” e não se trata de algo restrito ao Brasil. Pelo contrário, mundo a fora, o grupo também tem muitos adeptos. As alegações de quem é contra vacina são muitas, mas nem sempre fazem lá muito sentido. Nos Estados Unidos, por exemplo, o cenário não é muito distante do que se vê no Brasil. No pico da pandemia por lá, o ex-presidente do país, Donald Trump, chegou a sugerir que a população bebesse água sanitária como método de se prevenir contra a covid-19.
Trump, assim como Jair Bolsonaro, é crítico à vacinação. Por vezes, minimizou a pandemia e também levou a inanição do poder público até os últimos minutos. Trump saiu do poder, dando lugar a Joe Biden, mas isso não significa que os antivacina estadunidenses tenham perdido sua convicção. Agora, uma boa parcela do grupo decidiu tentar um novo método contra a covid-19: consumir a própria urina.
A ideia é defendida por Christopher Key e disseminada, pasmem, no Telegram. O vídeo no qual Key defende a “urinaterapia” (como chama a prática de beber a própria urina) acabou viralizando no aplicativo mensageiro, que funciona de forma semelhante ao whatsapp. No vídeo, dentre uma série de argumentos duvidosos, Key afirma que “Deus já nos deu tudo que precisamos contra a covid-19”. Ele se refere a nossa própria urina, no caso.
Acontece que a nossa urina não é nada além de 95% de água, mais uma série de substâncias e minerais expelidos pelo nosso corpo. Na urina, além de água, você vai encontrar pequenas concentrações de uréia, cloreto, sódio, potássio e outros íons dissolvidos também presentes. Essa, inclusive, é uma definição da NASA para aa composição da urina, publicada em um documento de 1971.
Beber a própria urina é uma péssima ideia. Pense nisso: nosso corpo usa a urina como um dos meios de expelir aquilo que pode ser danoso ao nosso organismo, o que pode incluir patógenos, minerais, pedras, bactérias, etc. Por que você beberia isso? Beber urina significa devolver ao organismo algo que ele próprio se esforçou para expelir.