Não é segredo para ninguém que a alimentação esta diretamente ligada as condições de saúde do ser humano. Essa ligação é constantemente alvo de pesquisas e estudos que tentam entender o quão profunda ela pode ser. Ainda assim, mesmo para as pessoas mais leigas no assunto, não se trata de algo que seja tão difícil de entender. Tudo que comemos é absorvido pelo corpo, tanto o que é bom, quanto o que é ruim. Se uma pessoa se alimenta mal, naturalmente vai estar absorvendo mais substâncias prejudiciais à saúde, como gordura, açúcares, toxinas, etc.
Mas o que fazer quando alimentos supostamente saudáveis podem oferecer riscos? É nesse sentido que novas pesquisas tem tentado esclarecer algumas coisas. Um novo estudo, por exemplo, revelou riscos à saúde cardíaca de idosos que se alimentam com carne vermelha em rotina diária. O que se revelou é que esse grupo, de pessoas da terceira idade que comem carne vermelha todos os dias, possuem mais riscos de desenvolver problemas cardíacos.
O estudo foi conduzido por pesquisadores da Universidade de Tufts e do Instituto Lerner, e apontou um risco de 22% maior de problemas cardiovasculares em idosos que consomem carne vermelha e carne processada com frequência diária. A pesquisa também trouxe algumas teorias sobre o porquê dessa relação e as descobertas foram expostas em um artigo, publicado na revista Arteriosclerosis, Thrombosis, and Vascular Biology.
A atenção da ciência vem se debruçando sobre os nutrientes da carne vermelha e sua relação com o corpo humano já há algum tempo. No entanto, o novo estudo traz a tese de que o verdadeiro problema do consumo de carne esteja nas substâncias produzidas no intestino humano, pelas bactérias naturais que se alojam nessa região. A tese sugere que as bactérias do intestino produzam metabólitos que causam mal.
O estudo contou com um número robusto de voluntários, foram 4 mil pessoas com idade superior a 65 anos. Segundo o estudo, o problema é o aumento dos metabólitos N-óxido de trimetilamina (TMAO), a gama-butirobetaína e a crotonobetaína, produzidos pelas bactérias do intestino. As taxas foram observadas em todos os 4 mil voluntários e o resultado foi suficiente para permitir que os cientistas confirmassem a relação. Outro ponto interessante do estudo, além do número de voluntarios, foi o período em que foram observados: cerca de 12 anos e meio. Ao longo desse período, os pesquisadores puderam confirmar que não era observada a mesma produção com o consumo de outras fontes de proteína, como aves, ovos ou peixes.
“Curiosamente, identificamos três caminhos principais que ajudam a explicar as ligações entre carne vermelha e processada e doenças cardiovasculares – metabólitos relacionados ao microbioma, níveis de glicose no sangue e inflamação geral -, e cada um deles parecia mais importante do que os caminhos relacionados ao colesterol no sangue ou a pressão arterial”, comentou o pesquisador Dariush Mozaffarian.
Embora a descoberta desencoraje o consumo diário de carne vermelha por idosos, os pesquisadores ressaltam que o consumo de proteínas é importante nessa fase da vida e que apenas é necessário que sejam melhores as escolhas sobre a fonte de proteínas.