O povo tsimane já foi alvo de estudos no passado, inclusive sendo apontados como detentores do “coração mais saudável do mundo”, em 2017. Agora um novo estudo aponta que o cérebro dos Tsimane envelhece muito mais lentamente do que povos “desenvolvidos” do norte, como cidadãos Europeus e Estadunidenses. O povo Tsimane vivem na parte boliviana da Amazônia, a maior floresta tropical do mundo. Lá, eles possuem autonomia para manter suas tradições e vivem de forma autônoma: comem o que caçam, o que plantam.
O estudo foi liderado pela Universidade do Sul da Califórnia e os resultados foram publicados na Journal of Gerontology. O estudo contou com a contribuição de pesquisadores de várias nacionalidades. De acordo com o estudo, o cérebro dos Tsimane envelhece em torno de 70% mais lentamente do que europeus ou norte-americanos.
O estudo contou com a análise de tomografias de 746 adultos Tsimane, com idades entre 40 e 96 anos. É preciso entender o que exatamente os pesquisadores estavam observando. Sabe-se que o cérebro passa por alterações conforme o processo de envelhecimento avança. Uma das alterações mais percebíveis é justamente o encolhimento do cérebro, que acontece naturalmente, mas pode estar associado a condições de saúde delicadas.
Por exemplo, sabe-se que o conjunto de doenças que compõem a chamada “demência” podem gerar atrofia acelerada do cérebro, estamos falando de doenças como o alzheimer. É nesse sentido que as tomografias Tsimane são tão surpreendentes. De acordo com os exames, o povo Tsimane enfrenta essa condição muito mais lentamente e de forma mais sútil.
Foi feito um esforço realmente expressivo para conseguir prosseguir com o estudo, isso porque os 746 voluntários precisaram se deslocar até um hospital de grande porte, onde foram coletados dados. Os dados foram comparados com 3 populações de regiões industrializadas tanto da Europa, quanto dos Estados Unidos. O que essa comparação revelou foi algo que já se suspeitava: os povos Tsimane possuem uma saúde neurológica maior do que os outros indivíduos do estudo.
Em grande parte, o estilo de vida dos indígenas em questão é uma via explicativa para o fato. Acontece que esses povos vivem longe dos grandes centros e possuem um estilo de vida saudável, autossustentável e distante, em geral, da correria, da pressa e das alterações do “mundo desenvolvido”. Os Tsimane vivem daquilo que cultivam, caçam e pescam, possuem uma rotina muito similar ao que sempre fizeram, apesar de tudo que acontece ao redor dos vilarejos.
Apesar de não estarem próximos da medicina moderna, dos remédios e de todas as terapias existentes, os Tsimane são mais ativos fisicamente, possuem uma alimentação natural e rica em nutrientes, fibras e vitaminas; se alimentam de vegetais, legumes, frutas, carnes magras e peixes. Em comparação com as populações europeias e estadunidenses, sabidamente sedentárias e com alimentação rica em gorduras saturadas, os povos Tsimane sem surpresas possuem uma saúde maior.
“Nosso estilo de vida sedentário e dieta rica em açúcares e gorduras podem estar acelerando a perda de tecido cerebral com a idade e nos tornando mais vulneráveis a doenças como Alzheimer”, afirmou o coautor do estudo Hillard Kaplan.