Ciências

Cientistas descobrem por que as viagens espaciais podem cegar os astronautas

Uma síndrome misteriosa tem prejudicado a visão dos astronautas na Estação Espacial Internacional. Saiba mais!

Cientistas descobriram uma síndrome que está causando uma miopia intratável e que persiste por meses nos astronautas que estão na Estação Espacial Internacional. Em muitos casos, os problemas de visão continuam mesmo depois que os astronautas retornam à Terra.

O problema é tão sério que dois terços dos astronautas relatam ter a visão deteriorada depois de passar um tempo em órbita. Segundo os cientistas, essa perda de visão a longo prazo pode estar sendo causada por uma condição denominada síndrome de pressão intercraniana de comprometimento visual, causada pela falta de gravidade no espaço.

Atronauta problema na visão

De acordo com a NASA, esse problema pode ser prejudicial para as perspectivas do homem de chegar a Marte. A preocupação dos pesquisadores é que essa síndrome possa causar a perda completa da visão, levando os astronautas à cegueira em situações de permanência prolongada no espaço.

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Como a visão dos astronautas está sendo afetada pela falta de gravidade?

Astronautas estação espacial
Instagram / Scott Kelly

O astronauta Scott Kelly foi o primeiro profissional dos Estados Unidos a passar um ano inteiro no espaço. Ele afirmou que foi forçado a usar óculos de leitura durante o tempo em que permaneceu na Estação Espacial.

John Phillips, que também passou um tempo na Estação Espacial Internacional (ISS) em 2005, voltou à Terra com visão embaçada.

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A NASA já suspeitava que a síndrome de pressão intercraniana de comprometimento visual fosse causada pela microgravidade da ISS, o que aumentava a pressão nas cabeças dos astronautas, fazendo com que cerca de 2 litros de fluido vascular se deslocassem para seus cérebros. Eles dizem que a pressão é responsável pelo achatamento dos globos oculares e pela inflamação de nervos ópticos.

“Na Terra, a gravidade puxa os fluidos corporais para baixo, em direção aos pés. Isso não acontece no espaço. Por isso, o fluido extra no crânio pode aumentar a pressão sobre o cérebro e a parte de trás do olho”, disse a pesquisadora Shayla Love.

O que dizem os estudos realizados na Terra?

Uma equipe da Universidade de Miami realizou o primeiro estudo para realmente testar a hipótese de que a falta da gravidade esteja causando os problemas de visão nos astronautas.

Os pesquisadores compararam as varreduras cerebrais de sete astronautas que passaram muitos meses na Estação Espacial Internacional. A conclusão foi que os astronautas de longa duração tinham significativamente mais líquido cefalorraquidiano (LCR) em seus cérebros do que os astronautas que fizeram viagens curtas. Essa seria, então, a causa principal da perda de visão.

Nervo óptico

Segundo os cientistas, em circunstâncias normais, esse líquido é importante para amortecer o cérebro e a medula espinhal, além de distribuir nutrientes pelo corpo, mas em uma situação de microgravidade ele começa a vacilar e provoca mudanças de pressão.

Com base nas varreduras de ressonância magnética de alta resolução os pesquisadores concluíram que o acúmulo desse líquido leva a deformações globais da vista e à síndrome da deficiência visual. Os resultados foram apresentados na reunião anual da Sociedade Radiológica da América do Norte, que ocorreu em Chicago.

Como isso pode comprometer a exploração espacial?

Até hoje, poucos astronautas passaram mais do que um ano inteiro no espaço. Para chegar a Marte, por exemplo, eles precisariam ficar mais de 18 meses em órbita, o que poderia levar a sérias complicações de visão.

Atualmente, a NASA não conta com soluções para tratar ou prevenir a acumulação de fluido no cérebro dos astronautas. Sendo assim, para colocar em prática qualquer viagem ou tentativa de colonização em Marte, muitos astronautas precisariam estar dispostos a se sacrificar e até morrer por essa causa.

Além dos problemas de visão, o espaço também causa outras mudanças negativas nos corpos dos astronautas, como a deterioração de sua massa muscular, entre outras condições.

Fontes: Rsna.org, Science Alert.

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