Cotidiano

Cientistas monitoraram monges budistas em estado de ‘quase morte’ na meditação

Você não precisa ser budista para conhecer, ainda que pouco, sobre os monges budistas. Estas são grandes figuras religiosas e, mundialmente, conhecidas por seu poder de meditação. A meditação não é algo que faz parte da cultura brasileira, ou ocidental de forma geral. Atualmente, somos capazes de tentar reproduzir essas técnicas e, geralmente, fazemos por algum tipo de terapia psicosocial. Quantas pessoas ansiosas já ouviram recomendações para que tentassem meditar, por exemplo?

No caso dos monges budistas, por outro lado, a meditação é algo que faz parte da cultura e estilo de vida. Se trata não apenas de um recurso religioso, mas emocional e social. Acontece que, mesmo entre monges, existem variados “níveis” de meditação. No Tibete, por exemplo, existem monges capazes de atingir o chamado “tukdam”.

Este é um estado de meditação elevado, considerado o “mais próximo de Buda”. Você provavelmente já ouviu falar nas múmias budistas em algum momento. Se tratam, na verdade, de monges que atingiram este estado do tukdam. Para os budistas, esse é um estado de meditação profunda que se aproxima da morte, mas que não deve ser visto dessa forma. O tukdam sempre atraiu atenção e curiosidade de cientistas, porque se trata de um fenômeno realmente impressionantes.

Um grupo de pesquisadores teve acesso a monges em tukdam e fizeram algumas descobertas. Ao mesmo tempo, a pesquisa revelou algo um tanto quanto surpreendente. Acredita-se que o tukdam seja capaz de preservar os corpos daqueles que o atingem, retardando o processo de decomposição. Os monges nesse estado são muito respeitados porque seriam responsáveis por auxiliar a passagem daqueles que os procuram da vida para a morte.

O que as análises puderam descobrir?

No início deste ano, uma equipe multidisciplinar do Center for Healthy Minds da University of Wisconsin-Madison publicou o primeiro artigo revisado por pares sobre o fenômeno de tukdam. Relatando suas descobertas na revista Frontiers in Psychology, os pesquisadores tentaram estudar a atividade cerebral de 14 praticantes de meditação de longa duração (como linhas de base saudáveis) e compararam-na com 13 praticantes recentemente falecidos que teriam entrado no estado de tukdam.

E o que eles viram? Bem, não muito. Os pesquisadores não detectaram nenhuma atividade cerebral mensurável nas 13 pessoas falecidas. No entanto, eles observam que a primeira gravação só pôde ser feita 26 horas após sua morte. Quanto aos relatos de que os corpos permanecem “frescos” após o que parece ser sua morte, isso não foi confirmado.

Então, o que o estudo realmente revelou? Uma das principais conclusões do estudo é a de que o entendimento ocidental da morte é pouco apropriado. Médicos ocidentais tendem a enxergar a morte como um fenômeno, um fato imediato, como um interruptor onde a vida é simplesmente desligada. A observação dos monges, no entanto, revela que a morte pode ser mais um processo do que um evento.

Ao contrário de entender a morte como um evento binário, isto é, esta vivo e agora esta morto, os pesquisadores acreditam que um olhar mais correto seria o de entender a morte como um processo, que pode levar o tempo que for necessário.

Sobre o Autor

Roberta M.

Gosto de escrever sobre diversos assuntos, principalmente curiosidades e tecnologia. Contato: [email protected]