Ciências

Covid-19 pode ter circulado na Itália antes do surto em Wuhan

O mundo todo enfrenta a pandemia da covid-19, causada por um vírus sobre o qual pouco se sabe. Em função de ser um vírus “novos”, a ciência continua correndo atrás de informações que possam trazer opções de solução para o problema. Exatamente assim surgiram as vacinas, os testes, etc.

Enquanto é um consenso global a ideia de que ainda são necessárias novas informações sobre o vírus, algumas coisas também já são pacificadas na comunidade científica. Por exemplo, é um consenso a ideia de que a covid-19 nasceu na China, em Wuhan, onde foi registrado o primeiro epicentro da doença. Embora essa seja uma informação tida como fato por mais de um ano, novas evidências estão revelando novas possibilidades.

Por exemplo, cientistas italianos descobriram que a covid-19 pode ter circulado no país ainda em outubro de 2019, meses antes da pandemia ser declarada pela OMS. Essa informação ainda precisa ser confirmada mas já tem sido fonte de debates acalorados na comunidade científica. Por mais surpreendente que seja, não se trata de algo sem precedentes. Em maio de 2020, cientistas franceses encontraram rastros de que a covid-19 já circulava na França no fim de 2019.

Ainda não é possível tirar conclusões sobre esses dados, mas a confirmação desses casos aponta que a covid-19 já poderia estar em circulação há mais tempo do que os primeiros casos de Wuhan sugerem. Ao mesmo tempo, uma discussão sobre a origem do vírus também acaba sendo colocada na mesa.

O VÍRUS NA ITÁLIA

A descoberta italiana aconteceu através da análise de amostras coletadas no período. Em novembro de 2020, cientistas do Instituto Nacional do Câncer da Itália em Milão testaram amostras de sangue de 959 pessoas que haviam sido testadas para câncer de pulmão e descobriram que 111 indivíduos (pouco mais de 11 por cento da amostra) testaram positivo para anticorpos contra SARS-CoV-2 , o coronavírus que causa COVID-19.

Para afirmar os resultados, os pesquisadores já tiveram 29 amostras retestadas no laboratório VisMederi na cidade italiana de Siena e no Erasmus Medical Center, um laboratório externo na Holanda afiliado às Organizações Mundiais de Saúde (OMS).

As descobertas, postadas recentemente no medRxiv, sugerem que quase todas essas amostras foram negativas, mas três das amostras foram consideradas positivas para alguns anticorpos SARS-CoV-2 por VisMederi e Erasmus Medical Center. Essas três amostras foram coletadas em 10 de outubro de 2019 e 11 de novembro na Lombardia – o primeiro epicentro para COVID-19 na Europa – e 5 de fevereiro de 2020, na Lazio. Pelos padrões do Erasmus Medical Center, no entanto, as amostras não continham evidências suficientes de anticorpos SARS-CoV-2 para fornecer prova conclusiva de infecção anterior por COVID-19.

Os dados não são tão irrefutáveis assim, como o próprio artigo aponta. No entanto, sem dúvida adicionam novas informações a discussão global sobre a linha do tempo da covid-19. Os primeiros casos registrados em Wuhan aconteceram no começo de dezembro. Seria possível que esses possíveis positivos italianos tenham visitado a China, ou tido contato com chineses?

A pesquisa gera mais perguntas do que respostas, mas isso é bom. Perguntas levam a ciência a buscar respostas e, nesse caso, a pandemia tem gerado muito mais perguntas do que a ciência tem sido capaz de responder.

Sobre o Autor

Roberta M.

Gosto de escrever sobre diversos assuntos, principalmente curiosidades e tecnologia. Contato: [email protected]