O cérebro é ainda fonte de muitos mistérios da vida que, talvez, jamais consigamos solucionar. Você provavelmente tem uma série de questionamentos relacionados a experiências que viveu, não é mesmo? É natural que se tenha questões em relação a algumas experiências, afinal de contas, nem sempre elas fazem sentido. Por exemplo, uma das coisas que mais geram questionamento, são os sonhos. Quantas vezes você já acordou perturbado por algo que sonhou?
De alguma forma, nossos sonhos são capazes de nos desequilibrar completamente. Podem ser tão realistas que, as vezes, ao acordar, nos questionamos se foi realmente sonho ou memória. Muitas pessoas também experimentam estágios de sonambulismo, chegando a realizar tarefas enquanto esta totalmente inconsciente em função de um estado profundo de sono. Outras pessoas acordam “programadas” a algo porque sonharam, como ir ao banheiro, por exemplo.
No entanto, uma questão que paira sobre esse assunto diz respeito as experiências sensoriais. Quantas vezes você sentiu calor ou frio, medo ou coragem, agonia ou aflição, enquanto estava dormindo e, ao acordar, parecia ainda estar com a mesma sensação? A maioria de nós, quando acorda de um sonho, tenta logo se desassociar dele; no entanto, algumas pessoas experimentam um sentimento diferente ao acordar, quase como se estivessem numa continuação daquilo que sonharam.
Diversos estudos já tentaram responder questões em relação ao aspecto sensorial dos sonhos. Uma das conclusões, que diz respeito a dor, foi publicada em 1993. Naquele estudo, os pesquisadores concluíram que a dor em um sonho só é possível porque você sentiu dor na “vida real”. Sabe quando você sonha que esta no banheiro e acorda com a bexiga cheia? Bem, é quase o mesmo sistema. Algo provoca dor no seu corpo, na “vida real”, e seu inconsciente te alerta sobre isso através de dor no sonho.
Isso nos leva a questionar se a dor dos sonhos é uma dor real. Bom, não exatamente. A dor do sonho difere da dor “real” porque sua fonte é o conteúdo do sonho, e não um estímulo da vida real. Por exemplo, alguém pode estar sonhando em ser torturado de uma forma que nunca foi na vida real. O trauma sonhado, no entanto, ainda é registrado como dor no momento, provavelmente inspirado por percepções aprendidas de situações dolorosas. Prova disso é que, geralmente, a dor do sonho se encerra assim que você acorda.
Talvez você esteja se perguntando o que influencia se uma pessoa vai ter sonhos dolorosos ou não. Bem, não é tão simples responder essa pergunta e até hoje ninguém conseguiu. No entanto, a ciência já tem algumas respostas que ajudam a construir esse quebra-cabeça. Por exemplo, é sabido que pessoas saudáveis são menos propensas a sonhar com experiências de dor. Cerca de apenas 1% dos sonhos de pessoas saudáveis fazem referência a alguma dor. Por outro lado, indivíduos que sofrem com dores crônicas tem até 30% dos seus sonhos associados a experiências com dor.
Em resumo, a dor que você sente no sonho não é “real”, embora possa ser uma experiência intensa e desconcertante. Ao acordar, a dor vai se cessar.