Ciências

Especialistas explicam importância de se monitorar vírus, fungos e bactérias

Depois de quase dois anos vivendo uma pandemia, é seguro dizer que todo o mundo esta um pouco assustado com o que aconteceu. No fim de 2019, começaram a circular as primeiras notícias sobre um vírus mortal que poderia se alastrar pelo mundo. As grandes lideranças mundiais pouco fizeram, os alertas de cientistas foram ignorados, e tudo resultou na pandemia que ainda estamos vivendo.

É claro que todos esses fatos resultam em muitas informações e aprendizados. Do ponto de vista político, por exemplo, fica a lição de que não se pode negociar com a ciência. Se especialistas alertam sobre o risco de uma pandemia: é necessário levar o risco a sério. Mas e quanto a ciência, quais são as lições?

A China foi um bom exemplo do que não se fazer: Li Wenliang tinha apenas 34 anos, quando sinalizou sobre a existência do vírus. A China, tanto política quanto cientificamente, não levou o alerta a sério e se esforçou para abafar a história. Não deu certo. Mundo a fora, incontáveis médicos prescreveram tratamentos ineficazes – mesmo com estudos mostrando que não faziam efeito.

Agora é a hora de olhar para trás e fazer essas avaliações necessárias. Para a ciência, a principal lição é sobre a importância de sair na frente. A covid-19 se tornou a pandemia que vivemos porque pouco sabemos dela. A covid-19 é uma novidade e foi assim durante praticamente os últimos dois anos. Apenas agora, com o avanço da vacinação, é que parecemos tomar a dianteira em toda a situação.

Vírus, fungos e bactérias

A verdade, segundo muitos cientistas, é que a covid-19 pode ter sido apenas a primeira de muitas doenças possíveis. O mundo é repleto de vírus, bactérias e fungos que pouco conhecemos. E, nesse sentido, o melhor que podemos fazer é tentar descobri-los antes de nos tornarmos reféns deles.

“É muito importante termos sistemas de sentinela que permitam que uma pandemia, no início do seu surgimento, seja rapidamente detectada e combatida. Mas tudo isso requer uma interação, uma cooperação, que nem sempre são naturais”, explicou o diretor científico da FAPESP, Luiz Eugênio Mello.

Andrea Dessen, do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS), foi responsável por um importante alerta. Vírus e fungos são um grave problema. Ainda assim, caso a pandemia tivesse sido gerada por uma bactéria, a situação poderia ser ainda mais caótica.

Não existem tratamentos contra bactérias além dos antibióticos. No entanto, a cada ano, o número de pessoas resistentes aos antibióticos já conhecidos aumenta. Ao mesmo tempo, poucos novos antibióticos são desenvolvidos e disponibilizados. O resultado é um grave desequilíbrio.

O monitoramento desses microrganismos acaba se tornando nossa melhor “arma” contra eles. Isto é, antes mesmo do problema se instalar, já é possível sair na frente e desenvolver medicamentos, vacinas. É claro que esse esforço não acontece naturalmente, dependendo muito de uma cooperação entre diversos segmentos da sociedade.

De um lado, o poder público precisa investir em ciência e pesquisa; do outro, é preciso que se tenham pesquisadores interessados nesse aspecto da ciência. Embora até pareça difícil, é extremamente necessário.

Sobre o Autor

Roberta M.

Gosto de escrever sobre diversos assuntos, principalmente curiosidades e tecnologia. Contato: [email protected]