Ciências

Estudo brasileiro lança alerta global sobre o perigo de verminoses

Dificilmente existe alguma pessoa no mundo que nunca tenha contraído alguma verminose na vida. É verdade que esse é um problema associado a questões sanitárias muito básicas e que isso, consequentemente, faz das populações mais pobres o público “alvo” da doença… Ainda assim, é bem possível que a maioria das pessoas vá experimentar algum quadro de verminose na vida – afinal de contas, os parasitas existem no meio ambiente e podem estar em qualquer lugar.

Mesmo sendo uma doença que afeta a maior parte da população em algum momento, as verminoses ainda são muito negligenciadas pela ciência de forma geral. O motivo por trás disso não é tão simples, nem sequer é um só, mas infelizmente esta associado a questões de lucro. As verminoses são doenças, como explicado anteriormente, que afetam pincipalmente as camadas mais pobres da população. Geralmente essas doenças se manifestam com mais frequência em comunidades com acesso precário ao sistema de esgoto, água encanada e outros direitos que tornam a proliferação de parasitas menos comum.

Por conta disso, a grande verdade é que a maioria das farmacêuticas não esta interessada em desenvolver medicamentos em prol destas populações porque sabem que não poderiam cobrar caro. Além disso, as verminoses são consideradas doenças de menor letalidade, embora matem milhares de pessoas todos os anos no mundo. Esses fatores somados, acabam tornando remotas as chances de novas pesquisas sobre o problema. E o problema disso tudo é justamente o alvo de uma pesquisa conduzida por cientistas da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Guarulhos. O estudo conta com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e traz um novo olhar sobre a importância de novas pesquisas sobre o tema.

Nem todo mundo tem conhecimento, mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou, no ano passado, um plano de 10 anos para erradicar ou controlar doenças responsáveis pela morte de 500 mil pessoas todos os anos. O plano mira em 20 doenças ao todo, das quais 5 são verminoses. “Entre as múltiplas metas que foram colocadas no roteiro da OMS, está a busca por novos medicamentos, porque muitas dessas doenças não dispõem de vacina e medicamento considerado de alta eficácia. Embora tenha uma eficácia relativamente boa, mas não o suficiente para controlar a doença, até porque não existe um fármaco 100% eficaz”, esclarece o pesquisador Josué de Moraes, envolvido com a pesquisa e coordenador do Núcleo de Pesquisa em Doenças Negligenciadas (NPDN) da Universidade Guarulhos.

Para ilustrar ainda mais o tema, o pesquisador lança luz sobre um caso muito conhecido na comunidade médica e faz uma comparação. Moraes ressalta a letalidade da esquistossomose, em comparação a ascaridiose (conhecida popularmente como lombriga), mas mesmo sendo uma doença perigosa, existe apenas um remédio disponível no mercado contra ela. Hoje, o paciente tem a sua disposição apenas o praziquantel, que é eficaz apenas contra a forma adulta do parasita – o que anula qualquer chance de tratamento nos estágios iniciais da infecção.

Embora nem toda verminose tenha potencial de matar, o problema afeta muitas vezes o processo de desenvolvimento infantil, causando sequelas que se tornam impossíveis de reverter com o passar do tempo. Para o pesquisador, em última análise, as verminoses ajudam na manutenção das desigualdades sociais quando não são enfrentadas de forma ampla e eficaz.

Sobre o Autor

Roberta M.

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