A sociedade machista sempre pregou que mulheres teriam menos chances de prosperar em áreas da ciência, da tecnologia, da engenharia e da matemática, ressaltando que essas seriam profissões e campos de estudo naturalmente masculinos, como se os homens possuíssem mais habilidades do que as mulheres na área de exatas.
Durante muito tempo, acreditou-se que as mulheres tinham deficiências biológicas que dificultavam o aprendizado e a aptidão na matemática. Agora, no entanto, um estudo conduzido pela pesquisadora Jessica Cantlon, da Universidade Carnegie Mellon, mostrou que os cérebros de meninas e meninos são iguais e têm habilidades matemáticas semelhantes.
O estudo examinou de maneira abrangente o desenvolvimento cerebral de meninos e meninas jovens e não encontrou nenhuma diferença de gênero na função cerebral ou na habilidade matemática. Os resultados da pesquisa foram disponibilizados online na revista Science of Learning.
“A ciência não se alinha às crenças populares”, disse Cantlon, professora de Neurociência do Desenvolvimento e principal autora do artigo. “Vemos que os cérebros das crianças funcionam de maneira semelhante, independentemente do sexo, e esperamos recalibrar as expectativas do que as crianças podem alcançar em matemática”.
Cantlon e sua equipe conduziram o primeiro estudo de neuroimagem para avaliar diferenças biológicas de gênero na aptidão matemática em crianças pequenas. Sua equipe usou a ressonância magnética para medir a atividade cerebral em 104 crianças de 3 a 10 anos de idade, sendo 55 meninas.
As crianças assistiam a um vídeo educativo sobre tópicos matemáticos iniciais, como contagem e adição, durante a realização do exame de imagem. Os pesquisadores compararam os exames de meninos e meninas para avaliar a similaridade cerebral. Além disso, a equipe examinou a maturidade cerebral comparando os exames das crianças com os de um grupo de adultos, que assistiram aos mesmos vídeos de matemática.
Por meio de comparações estatísticas, Cantlon e sua equipe concluíram que não há diferença no desenvolvimento cerebral de meninas e meninos. Além disso, os pesquisadores não encontraram diferença na maneira como meninos e meninas processavam habilidades matemáticas. Ou seja, meninos e meninas usam suas habilidades matemáticas da mesma maneira.
Os pesquisadores também compararam os resultados do Teste de Habilidade Matemática Inicial, um exame padronizado para crianças de 3 a 8 anos de idade. O teste foi feito com 97 participantes para avaliar a taxa de desenvolvimento em matemática e também apresentou resultados equivalentes entre as crianças de ambos os sexos.
A pesquisadora Jessica Cantlon disse que a sociedade e a cultura provavelmente afastam as meninas e as jovens mulheres dos campos de estudo da matemática. Nas escolas, por exemplo, é comum que os professores tratem meninos e meninas de forma diferente durante as aulas de matemática, partindo da ideia de que os meninos teriam um melhor desempenho.
A verdade é que as meninas têm tanta capacidade quanto os meninos de serem bem-sucedidas em áreas das ciências exatas. O que precisa mudar é a forma como a sociedade enxerga as mulheres que decidem se especializar em profissões que são automaticamente relacionadas ao mundo masculino. É preciso acabar com as desigualdades de gênero e com os preconceitos.
Fonte: Medicalxpress