A China anunciou que fez um controverso experimento para tentar criar uma geração de bebês resistentes ao HIV. Estudos recentes indicam que esse mesmo experimento possa ter criado gêmeos com uma capacidade cerebral aprimorada para aprender e armazenar memórias.
A mudança genética promovida pelos pesquisadores alterou os cérebros de duas meninas. Agora, elas são consideradas as primeiras crianças geneticamente editadas nascidas na China. Alguns cientistas acreditam que as mudanças genéticas feitas possam ter resultado em uma melhor cognição e memória para as crianças.
As gêmeas, Lulu e Nana, supostamente tiveram seus genes modificados antes do nascimento por uma equipe chinesa, usando uma nova ferramenta de edição genética chamada de CRISPR. O objetivo era tornar as meninas imunes à infecção pelo HIV, o vírus que causa a AIDS. Mas uma nova pesquisa sugeriu que a alteração do DNA das meninas tenha resultado no aprimoramento da inteligência das crianças, com uma melhora do cérebro.
De acordo com especialistas em genética, é impossível prever o que possa ter acontecido com as crianças, mas as mutações provavelmente terão um impacto na função cognitiva das gêmeas.
A equipe chinesa que fez a edição de genes foi liderada por He Jiankui, da Universidade de Ciência e Tecnologia do Sul, em Shenzhen. O processo da pesquisa usou o CRISPR para excluir o gene CCR5 dos embriões humanos. Esse gene é necessário para que o vírus do HIV possa entrar e afetar as células sanguíneas humanas. Os pesquisadores acreditam que, sem este gene, uma pessoa possa ficar imune ao vírus.
O experimento foi considerado irresponsável e está sob investigação na China. No mundo, a notícia causou muitas especulações. Alguns cientistas acreditam que a China esteja usando a tecnologia CRISPR para projetar a criação de humanos superinteligentes no futuro, dando início a uma corrida de biotecnologia contra os Estados Unidos.
O nascimento das gêmeas se tornou público em 25 de novembro de 2018. A maior parte dos pesquisadores que trabalham neste tipo de estudo é contra o uso de edição do genoma para aprimoramento humano.
As descobertas sobre o gene CCR5 já estão sendo utilizadas em testes de drogas para pacientes com AVC e pessoas com HIV. Nesses estudos, as pessoas estão recebendo um medicamento que bloqueia quimicamente o CCR5, para ver se isso é capaz de melhorar a cognição.
Fonte: Technology Review.