Após estudar a colisão que as grandes erupções vulcânicas poderiam gerar na Terra, uma equipe de cientistas do Centro Nacional de Investigação Atmosférica (NCAR) chegou à conclusão de que os oceanos não serão capazes de nos resguardar dos efeitos do enxofre em erupção e do risco dos aerossóis como era habitual.
No estudo publicado na Nature Communications, os autores do estudo avaliaram o impacto que a erupção do Monte Tambora causou no clima do planeta, no mês de abril de 1815. O resultado do estudo comprovou que esta antiga erupção ocasionou no conhecido “ano sem verão”, de 1816.
De acordo com o Last Millennium Ensemble (LME), o projeto que faz a simulação do clima da Terra embasado no histórico de erupções vulcânicas de 850 a 2006, a erupção do Monte de Tamborra, da Indonésia, gerou uma redução global considerável, além da maior formação de neve e gelo no continente europeu.
Tal diminuição fez com que as temperaturas no verão do ano de 1816 fossem extremamente baixas, resultando na perda de colheitas, epidemias de doenças e a morte de aproximadamente 100 mil pessoas em todo o globo.
Por meio das simulações, os pesquisadores descobriram que se uma erupção simular ocorrer no ano de 2085, as temperaturas poderão ser muito mais reduzidas do que no ano de 1815. Com isso, os cientistas alertam que este arrefecimento não será satisfatório para compensar o aquecimento futuro relacionado às alterações do clima.
Para, além disso, os pesquisadores do estudo reconhecem que a diminuição resultante da provável erupção poderá reduzir significativamente a quantia de precipitação ao redor de todo o mundo. Por sua vez, com temperaturas mais elevadas, conforme as que já se têm apurado, os mares serão cada vez menos capazes de modificar os choques climáticos gerados pelas erupções vulcânicas.
Na medida em que o nosso clima se aquece, as temperaturas da superfície do oceano também se elevam, fazendo com que a água mais quente não seja capaz de se misturar com a água de temperatura mais fria e mais carregada do fundo do mar.
Após o acontecimento de tal erupção vulcânica, a água mantém-se presa na superfície, ao invés de se misturar no mar, diminuindo os índices de calor soltados para a atmosfera. Através destes resultados, os cientistas antecipam a chegada de “anos sem verão”.
Contudo, os resultados dos autores da pesquisa são apresentados de forma cautelosa, uma vez que os efeitos exatos não são fáceis de prever. Otto-Bliesner, autor da pesquisa explica: “A resposta do sistema climático à erupção de 1815 no Monte de Tambora dá-nos uma perspectiva sobre o futuro, mas o nosso sistema climático pode responder de forma muito diferente“.
E também aponta: “Se o clima continuar a mudar à sua taxa atual, nossos filhos – e até alguns de nós – podem experimentar “anos sem verões” em um futuro não muito distante.”.
Também não se sabe ainda como o clima irá responder entre agora e o momento de uma grande erupção, e como irá reagir às alterações e políticas que os governos estão inserindo.