Os direitos das crianças é consolidado nos dias de hoje, mas isso não significa que as coisas sempre foram assim. Na realidade, houveram tempos em que crianças e adolescentes não tinham qualquer tipo de direito, chegando muitas vezes a serem tratados como “mini-adultos” ou, ainda mais assustador, objetos. Um bom exemplo disso, por exemplo, é como as crianças chegaram a ser enviadas por correio nos Estados Unidos do século XX.
Lá na década de 10-20, quando o sistema de correios começou a ser implantado nos EUA, as regras eram um tanto diferentes. Atualmente, se você tentar enviar algo no correio, vai se deparar com uma série de regras que ditam o que você pode ou não despachar. Alguns itens da lista chegam a ser engraçados porque, a princípio, parecem meio desnecessárias. Por que avisar alguém que é proibido enviar uma arma ou explosivo? Ou, ainda pior, por que avisar alguém que despachar uma criança no correio é proibido?
A resposta é simples: porque, se não estiver claro, vai ter alguém para testar. Prova disso é justamente o que aconteceu naquele período, nos Estados Unidos. Em 1913, um casal teve a ideia de mandar o seu bebê para a casa dos avós através dos correios. A distância era de pouco mais de um quilômetro, mas marcou o começo de um período caótico que testou os limites do sistema postal.
Pedras, tijolos, pessoas em caixas, de tudo que você puder imaginar, provavelmente alguém enviou pelo correio nos anos de 1930 nos EUA. Houveram casos ainda de bebês sendo enviados por grandes distâncias e, em parte, isso acontecia porque o selo dos correios eram mais baratos do que uma passagem de trem, por exemplo. Além disso, em áreas rurais, ou de cidades pequenas, havia a sensação de que todo mundo conhecia todo mundo, inclusive os funcionários dos correios; ou seja, as famílias tinham a sensação de que as crianças estavam sendo deixadas com pessoas de confiança.
Com o tempo, foi se tornando claro que o sistema de serviço postal precisava de regras. Um dos aspectos mais caóticos era a respeito do peso das encomendas, que não era regulado. As pessoas conseguiam enviar objetos (e não-objetos) de pesos absurdos. Com a passagem dos anos, começaram as regras e normas que conhecemos hoje, mas tudo levou anos para chegar no ponto em que estamos hoje – que praticamente não deixa brechas para algumas atitudes bizarras como essas.
Para se ter ideia, as viagens de crianças pelo correio só foram oficialmente encerradas em 1915. Quando o caso da pequena Maud Smith, de 3 anos, se tornou notícia no país inteiro, ficou claro que eram necessárias regras para proibir o transporte de seres humanos pelo correio. A viagem mais longa a ser registrada foi de 1.158 quilômetros, feita por uma criança de 6 anos, que viajou de Flórida à Virgínia, da casa dos pais à casa dos avós.
As regras do serviço postal costumam ser muito semelhantes entre países, tendo algumas pequenas peculiaridades e diferenças de um país para outro, mas seguindo uma mesma lógica comum.