Enquanto muitas pesquisas ainda estão sendo desenvolvidas para determinar o surgimento exato da Sars-Cov-2, o “coronavírus”, pesquisadores de todo o mundo continuam avançando em análises de novos e desconhecidos vírus ao redor do Globo. Agora, um grupo de pesquisadores ingleses confirmou a descoberta de um novo coronavírus, diferente do vírus de Wuhan, em morcegos no Reino Unido.
O vírus leva o nome de “coronavírus”, assim como muitos outros, porque é da “família” da covid-19. No entanto, tratam-se de vírus diferentes e isso naturalmente tem causado pânico na população. A descoberta não é tão recente, já que as primeiras reportagens são de julho deste ano. No entanto, agora novas descobertas foram feitas e estão chamando atenção e gerando novos artigos.
O vírus, apelidado de RhGB01 pelos pesquisadores que o encontraram, pertence a uma família conhecida como sarbecovírus, que também inclui o SARS-CoV-2, o vírus por trás da atual pandemia de COVID-19, e o SARS-CoV, que causou o surto de SARS em 2003 . Ele tem a dupla distinção de ser o primeiro coronavírus relacionado à SARS a ser encontrado no Reino Unido, bem como o primeiro a ser encontrado em um morcego-ferradura menor.
Apesar de ser uma notícia desconcertante, pesquisadores alertam que não há motivo para pânico – pelo menos, não nesse primeiro momento. Em primeiro lugar, o estudo ainda precisa ser revisado por pares, um procedimento padrão para que descobertas científicas sejam validadas. Além disso, não existem indícios de que o vírus seja capaz de contaminar pessoas. Isso não significa, no entanto, que o vírus seja inofensivo. O importante agora é continuar monitorando e estudando a composição do vírus, para evitar novas pandemias.
Acontece que o vírus não é um risco ao ser humano hoje, mas pode se tornar eventualmente porque pode evoluir. Por conta disso, é importante continuar estudando e sequenciando seus genomas. A pesquisadora Diana Bell, uma das chefes por trás do estudo, explica que a descoberta evidencia a necessidade de melhorar os processos de testagem para morcegos em todo o mundo, além de também novas pesquisas para descobrir quais outros animais podem carregar o vírus.
A pesquisadora explica que é provável que o RhGB01 estivesse presente em morcegos por milhares de anos, mas nunca entraram no radar do ser humano porque nunca se soube o que procurar. A pandemia da covid-19 mudou muita coisa, inclusive atraiu o olhar da ciência para este problema, que pode representar ameaças globais daqui para frente, como a que estamos vivendo atualmente.
“Já sabemos que existem diferentes coronavírus em muitas outras espécies de mamíferos também”, disse ela. “Este é um caso de ‘quem procura, acha‘”, explicou. A pesquisadora destaca ainda a importância do uso de EPI adequado na manipulação de morcegos, uma vez que estes animais podem carregar o vírus ainda em seu estado “inofensivo” para humanos. No entanto, se um morcego com RhGB01 entrar em contato com a Sars-Cov-2, o resultado pode ser a mutação do RhGB01, o que pode representar o risco de uma nova pandemia, igual ou pior do que a que vivemos atualmente.