O número de mortes violentas no Brasil já fez com que o país se assemelhasse a nações em guerra. Apenas entre os anos de 2011 e 2015, o Brasil registrou mais mortes violentas do que a Síria, um país que convive com uma guerra sangrenta há mais de seis anos.
De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, a violência brasileira pode realmente ser comparada a uma situação de guerra, principalmente em cidades como o Rio de Janeiro, onde facções criminosas ainda controlam as favelas e travam um conflito violento contra a polícia há anos.
Os números mostram que, no Rio de Janeiro, um fuzil é apreendido por dia e cerca de 11 trocas de tiros são registradas diariamente entre criminosos e policiais. O relatório também mostra que, entre 2011 e 2015, foram registradas 278.839 ocorrências de homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e mortes decorrentes de intervenção policial no Brasil. No mesmo período, a Síria teve 256.124 mortes violentas.
O panorama da violência no Brasil
Em 2015, 58.383 brasileiros foram mortos violentamente. Isso significa que uma pessoa foi assassinada no país a cada 9 minutos, o que corresponde a 160 mortes por dia.
Esse dado se tornou ainda mais alarmante em 2016, quando, de acordo com o Anuário Brasileiro da Segurança Pública, o Brasil registrou 61.600 mortes violentas, em latrocínios, homicídios e lesões seguidas de morte. Neste cenário, foram contabilizadas sete mortes violentas por hora.
As principais ocorrências violentas registradas no Brasil são: homicídios, latrocínios, lesão corporal seguida de morte e morte por intervenção policial. O Rio de Janeiro é o estado com o maior número de vítimas. Outras regiões críticas do país são Sergipe, Amapá e Rio Grande do Norte.
Os crimes violentos contra mulheres também aumentaram em 2016, chegando à marca de 4,6 mil casos, com um assassinato de mulher a cada duas horas. As mortes de jovens também cresceram nos últimos anos, principalmente dentro do perfil de vítimas negras, pobres, que vivem na periferia e que são executadas com armas de fogo. Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o Brasil é o sétimo país que mais mata jovens no mundo, ficando atrás apenas de Honduras, El Salvador, Colômbia, Venezuela, Iraque e Síria.
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Os números de 2017
Em 2017, o número de assassinatos no Brasil também aumentou. Apenas no primeiro semestre, foram registrados 28.200 homicídios dolosos, lesões corporais seguidas de morte e latrocínios. Isso indica que o balanço final do ano pode novamente chegar à casa dos 60 mil casos, como ocorreu em 2016.
Outro dado preocupante é que a força policial brasileira é a que mais mata no mundo. De acordo com a Anistia Internacional, a violência policial no Brasil é assustadora. Apenas em 2012, 56 mil homicídios foram cometidos por policiais. No contexto das vítimas da violência policial, 99,5% dos mortos entre 2010 e 2013 eram homens, principalmente com idades entre 15 e 29 anos.