Um certo funcionário de uma montadora na cidade de São Bernardo do Campo, além de metalúrgico, era professor de física, seu nome era Nicanor de Azevedo Maia, professor da UFRN, e havia conseguido criar um sistema por meio do qual um veículo conseguisse andar movido à água. Este trabalho não era nenhuma novidade, pois à apenas cinco anos antes, outro professor de física uruguaio, também havia conseguido a proeza. Estranhamente, nunca mais se ouviu falar deste professor uruguaio. O estranho foi o que ocorreu com o professor brasileiro. Ele foi convidado à fazer cursos de especializações na Inglaterra. Prontamente viajou para lá e ficou alguns anos “estudando” em solo inglês.
Ao final da sua temporada, retornou para a montadora onde trabalhou até se aposentar. O estranho foi a maneira como ele voltou, pois ficou literalmente abobado, aéreo, sem falar coisa com coisa, algo como alguém que teria sofrido uma lavagem cerebral. Este homem de pouca sorte, acabou se aposentando, afinal de contas, estamos falando dos anos 70 e atualmente ele já é aposentado pela montadora alemã, mas não conseguiu desenvolver mais nada, nunca mais tratou do assunto e só conseguia trabalhar como uma máquina que faz somente o necessário e não mais que isso.
O que impediu ou o que estava por trás deste interesse e por qual motivo estes estudos não foram concluídos? O veículo não se desenvolvia como um veículo convencional, movido à combustão por meio de gasolina ou álcool, era bem mais lento, só conseguia atingir velocidade máxima de 40 Km/h, mas certamente era algo que poderia obter resultados mais positivos se houvesse o empenho em aumentar sua capacidade.
A própria concepção de um veículo movido à água pode permitir resultados não apenas mais eficientes contra o aquecimento global, como também poderia fornecer melhor qualidade de vida, uma vez que o ar seria mais limpo. Não haveria problemas com a falta de abastecimento, pois já existe até uma máquina que produz água à partir da umidade relativa do ar.
Em se tratando de um elemento renovável, se trata também de uma fonte inesgotável de energia, só seria necessário produzir mecanismos para que a produção de água, ou a dessalinização da água do mar, viesse a ser mais direta, conferindo dinamismo na produção e abastecimento, evitando o uso desnecessário de água doce.
Mas estamos falando de uma coisa que afeta diretamente o capital de nações que se enriquecem com o sistema existente, seja pela indústria já em atividade que produz e sobrevive dos combustíveis fósseis, seja pela própria extração dos mesmos combustíveis que movimenta o orçamento de países exportadores, onde se incluem a Arábia Saudita, Kuwait, Iraque, Rússia, Inglaterra, Venezuela, entre outros. A Rússia é detentora de uma parte significativa do petróleo mundial, tendo conseguido obter recursos e sair da crise econômica em que se encontrava nos anos 90, por aumentar a exportação de petróleo, sem solicitar autorização da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), organização que monitora a extração e faz com que cada país exportador tenha uma limitação na sua extração, de modo à conferir não apenas o controle do valor de mercado, como também monitorar o estoque de cada um, evitando que estes mesmos países exportadores percam suas reservas e caiam no empobrecimento direto pela perda dos seus recursos.
Os mesmos recursos petrolíferos não ofereceram apenas a capacidade de manutenção do petróleo. Ao manter a capacidade e fluxo da moeda em cada um, se consegue exercer a manutenção de outros canais de investimentos como as empresas bélicas.
Países como os EUA, Rússia, França, Inglaterra e Itália, ganharam muito com a venda de armas para Irã e Iraque, que retiravam seu dinheiro do petróleo e gastavam em armamentos para o enriquecimento dos países que patrocinavam a Guerra.
Um carro movido à água desmontaria toda esta estrutura e faria com que estes países perdessem todos os recursos advindos direta ou indiretamente do que o petróleo consegue promover ao redor do mundo.
Reportagem publicada em O Mossoroense/UOL em 19 de jan de 2003
Nicanor: visionário ou maluco?
IVANALDO XAVIER – jornalista, especialista em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente e mestrando em Desenvolvimento e Meio Ambiente – [email protected]
Já entramos na era do conhecimento e é fato comprovado que, para se conseguir esse bem tão precioso para o desenvolvimento de um país, é imprescindível a existência de muita pesquisa. O Brasil, até que provem o contrário, não é uma nação que tenha uma tradição em pesquisas e para exemplificarmos bem, vamos falar de um trabalho realizado por um cientista brasileiro, dos anos setenta, mais precisamente da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. O nome do cientista era Nicanor Maia.
Este brasileiro abnegado, um visionário, certamente conseguia ver através do tempo, pois percebeu antes mesmo de qualquer outro cientista, acredito que até mesmo os estrangeiros da NASA, que o hidrogênio seria o combustível mais viável para substituir os derivados do petróleo e iniciou naquela época uma pesquisa para a sua utilização como combustível automotivo.
O professor Nicanor Maia desenvolveu um equipamento para a realização de um processo chamado hidrólise e adaptando-o ao motor de um velho automóvel americano, da água conseguia retirar o hidrogênio necessário para o funcionamento do velho e grande motor que, até então, bebia gasolina.
Na época, o cientista foi tido como um maluco, pois todos que tomavam conhecimento do seu objeto de estudo, pensavam que ele queria fazer o carro funcionar à base de água como combustível e não entendiam muito bem aquele processo de hidrólise que acontecia para a retirada do hidrogênio.
Mas o experimentado cientista sabia exatamente o que estava fazendo e chegou a realizar uma viagem de Natal até Martins, subindo a serra, com o velho automóvel americano e tendo o hidrogênio como combustível. Mas o que deixava as pessoas mais curiosas era que no tanque de combustível existia apenas água.
Nicanor Maia enfrentou o que foi denominado nos anos sessenta, por Jânio Quadros, de “forças ocultas”, pois o combustível fóssil: o petróleo, era abundante e a sua indústria altamente poderosa, não poderia permitir que fosse pesquisado um outro tipo de combustível mais abundante e muito mais eficaz.
O velho cientista foi convencido a tirar férias, pois o trabalho que desenvolvia era bastante “cansativo”, especialmente pela falta de condições e de material apropriado. Em certas ocasiões teve que improvisar peças com a massa da cola Durepoxi, que não resistia a altas temperaturas.
Ao retornar das férias, Nicanor teve uma ingrata surpresa. O seu projeto foi desativado de tal forma irreversível que nem mesmo o galpão onde realizava os seus trabalhos existia mais. Todos os seus experimentos desapareceram e a desculpa “engendrada” na época foi de que as linhas do velho galpão destoava da arquitetura do Campus Central da UFRN e, por isso, precisava ser demolido.
Os que demoliram aquele velho galpão, demoliram junto a possibilidade do Brasil dominar uma tecnologia que ainda hoje é do futuro, pois a NASA utiliza o hidrogênio como combustível de suas naves espaciais e guarda essa tecnologia como um grande trunfo para o futuro. Dominar sozinhos a tecnologia do hidrogênio como combustível será a grande cartada dos Estados Unidos da América. Para eles, o petróleo já faz parte do passado e melhor seria que se esgotassem logo todas as reservas.
Nicanor Maia, grande cientista visionário, já faleceu sem que fosse feita a ele nenhuma merecida homenagem pela competência e abnegação e, o que é pior, não corrigiram as injustiças cometidas com a abrupta interrupção de sua pesquisa. Mas ainda é tempo de retomá-la, mesmo com o atraso do progresso de uma nação inteira.
Fonte: Omossoroense.UOL