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O que é Ibogaína?

Conheça mais sobre esta substância que, aparentemente, é eficaz na luta contra as dependências químicas.

Sendo um princípio ativo da raiz de uma planta intitulada Tabernanthe iboga, a Ibogaína é um alcaloide que possui diversas finalidades de tratamentos. Originária na África Central, a Ibogaína é uma das drogas mais alucinógenas encontradas atualmente e possui efeitos grandiosos na consciência humana. Muito mais do que isso, essa raiz africana tem a capacidade de curar as dependências químicas de outras drogas ilícitas. Esta importante descoberta pode ser um grande avanço no tratamento de dependentes e na busca pela eliminação destes malefícios.

Iboga, a planta

A Ibogaína tem sido utilizada na população africana como tratamentos contra a depressão, impotência sexual masculina e infertilidade feminina, transtorno obsessivo compulsivo (o famoso TOC), picadas de animais peçonhentos (como as cobras), estimulantes e afrodisíaco, fadiga e fome, dentre outros. Os curandeiros pertencentes a uma seita denominada Bouiti (tradicionalmente africana), também afirmam que a raiz possui propriedades eficazes em doenças místicas, assim como a possessão.

Em 1962, um jovem norte americano de 19 de nome Howard Lotsof viciado em heroína resolveu experimentar esta nova droga africana para verificar os seus efeitos. A droga, que possui características amargas e é utilizada em formato de pós, prometia até 36 horas ininterruptas de alucinações. Após a utilização do pó pela primeira vez, Lotsof nunca mais sentiu desejo de usar heroína ou demais drogas. Isto foi um marco na vida do jovem que, desde então, se dedicou totalmente ao estudo e conhecimento sobre o assunto, prontificando-se em estudos científicos de seus efeitos contra a dependência química e da regularização do uso da Ibogaína de forma medicinal. Howard apresentou a Ibogaína aos seus colegas também viciados e buscou, juntamente a pesquisadores, se aprofundar no assunto e divulgar publicações científicas, porém os recursos nunca foram suficientes para a conclusão destes estudos. Devido a um câncer de fígado, Howard Lotsof faleceu em 2010.

Howard Lotsof

Devido ao fato da Ibogaína ser uma droga, o uso da substância já causou diversos efeitos colaterais em algumas pessoas, levando até mesmo a morte. O processo de utilização da substância passa por um ritual, que gira em torno de três dias. Como esta raiz tem origem africana, os rituais são sempre muito espirituosos e possuem diversos momentos, como a ingestão da droga em jejum e cerimônia de iniciação um tanto quanto “alucinógena” que chega a durar dias, até mesmo. Outra maneira de implementação da substancia no organismo humano é por meio de assistência profissional, onde o dependente passa por três fases distintas e mais de 60 dias em abstinência e, após isso, é liberado para utilizar a Ibogaína.

O que faz desta substância ser, aparentemente, eficaz na luta contra as dependências químicas, é que a Ibogaína possui uma grande quantidade de serotonina e dopamina, que são neurotransmissores responsáveis pelas sensações de bem-estar e prazer. Como também, está presente uma grande quantidade de hormônio GDNF, que ajuda o dependente a não mais utilizar as drogas por meio da estimulação da criação de conexões neuronais. A Ibogaína é vendida em formato de cápsulas e processada na Inglaterra, chegando a custar R$5 mil a unidade (considerada suficiente para o tratamento completo do dependente). Além de ser responsável pela eliminação da dependência de drogas ilícitas (como a heroína – tendo um grau de dependência muito mais elevado do que outras drogas similares, o crack, a cocaína, a metadona, os benzodiazepínicos), também atuam na inibição dos desejos por álcool e tabaco.

A taxa de recaída com a utilização de Ibogaína está em torno de 15%, relativamente baixa e agradável aos estudiosos, porém a utilização da substância não garanta milagres e o acompanhamento deve ser diário e com auxílio de profissionais capacitados na área. As recaídas ocorrem quando os pacientes continuam a ter os mesmos hábitos de quando ainda eram dependentes, desfavorecendo todo o trabalho com a Ibogaína. Pacientes que possuem problemas cardíacos ou algumas das doenças neurológicas não podem fazer este tipo de tratamento.

Ibogaína Medicamento

Recentemente, a Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária – autorizou a importação da Ibogaína para análises clínicas, a fim de aprofundamentos nos estudos científicos e na busca por soluções viáveis. Porém, em contrapartida, a utilização da substância como tratamento e sua utilização ainda não foi liberada no Brasil. Todos os estudos serão necessários para comprovar sua eficácia e trazer novidades para todo o tratamento.

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