Ciências

Pela segunda vez, ser humano recebe rim de porco em transplante bem-sucedido

Pense em algo que você gostaria muito de ter, algo que você mal pode esperar para conquistar. Pensou? Agora imagine esse sentimento multiplicado! É mais ou menos com essa angústia e esperança que vivem pessoas que aguardam por um transplante de órgãos. Essa situação pode ser causada por um grande número de possibilidades, mas sempre leva ao mesmo cenário: medo e angústia, aguardando pelo momento em que o telefone vai tocar com boas notícias.

Um dos pontos mais cruéis dessa equação é que alguém precisa perder a vida, na maioria dos casos, para que alguém tenha a chance de sobreviver. Não é exatamente confortável, mas é como funciona. Além disso, ter que esperar pela morte de alguém, quem aguarda um órgão também precisa contar quase que com a sorte. Tudo precisa ser um encontro perfeito: tamanho, tipo sanguíneo, peso, etc. Se algo não estiver alinhado, o transplante não acontece.

Pensando nisso, cientistas de todo o mundo tentam encontrar alternativas para esse tipo de situação. Alguns pesquisam a viabilidade de órgãos sintéticos, enquanto outros tentam criar formas de usar órgãos não humanos. Você não leu errado, mas calma. Embora esse seja um assunto de discussão interminável, do ponto de vista ético, é algo que já esta sendo colocado em ação e pode salvar a vida de milhões de pessoas – sem exagero.

Pesquisadores perceberam a semelhança genética entre os rins suínos e os rins humanos e viram nisso uma oportunidade. Para que o transplante seja possível, é preciso que o órgão suíno passe por uma alteração genética, feita de forma minuciosa. Os cirurgiões da Universidade Langone Health de Nova York anunciaram o segundo transplante bem-sucedido de um rim de porco geneticamente modificado em um receptor humano. A conquista ocorre três meses após a realização do primeiro procedimento e pode abrir caminho para o uso de órgãos não humanos em pacientes que precisam de transplantes que salvam vidas.

Como mencionado antes, essas cirurgias enfrentam questões éticas e é possível que ainda sejam profundamente debatidas, talvez alvo de polêmica. No entanto, é inegável que a pesquisa esta resultando em descobertas empolgantes e positivas. Ainda não foi feita nenhuma cirurgia em uma pessoa que realmente vá viver com o órgão. Isto é, a primeira tentativa foi feita em uma mulher com diagnóstico de morte cerebral, após autorização da família. Vale dizer que, pouco após a cirurgia, a família decidiu por desligar as máquinas. No segundo caso, a cirurgia foi feita em um homem que havia morrido recentemente e estava sendo mantido no respirador.

Uma das maiores questões para os cientistas a esta altura é prevenir que os órgãos animais, neste caso os rins suínos, sejam entendidos como uma “ameaça” pelo corpo humano. Nestes casos, o receptor do órgão passa a lutar contra ele e seu sistema imune acaba fazendo com que a cirurgia seja mal-sucedida. Isso acontece em outros tipos de transplante também, inclusive os tradicionais, com órgãos humanos. É exatamente por isso que os órgãos suínos precisam ser alterados geneticamente, para se tornarem mais “similares” aos órgãos humanos e passarem pelo sistema de imunidade.

Sobre o Autor

Roberta M.

Gosto de escrever sobre diversos assuntos, principalmente curiosidades e tecnologia. Contato: [email protected]