As questões ambientais tem sido cada vez mais discutidas no âmbito político e, ao mesmo tempo, continua sendo estruturalmente negligenciada mundo afora. Para especialistas mais radicais dessa pauta, as questões ambientais já se aproximam de trazer riscos à própria sobrevivência humana. Apesar de ser um tipo de argumento assustador, a verdade é que as evidências realmente apontam para um momento de verdadeiro risco para a manutenção da vida humana.
É claro que esse tipo de previsão não é para o futuro imediato. Isto é, não significa que as coisas estejam se tornando insustentáveis agora. No entanto, as previsões, em um cenário sem mudança na preservação do meio ambiente, realmente são péssimas. Um novo estudo, conduzido por pesquisadores chineses, traz informações que são preocupantes. O estudo aponta os riscos da poluição do ar para o princípio básico da vida humana: a reprodução.
O estudo foi publicado de forma detalhada na revista JAMA Networks, trazendo detalhes do método usado pelos pesquisadores e também sobre as conclusões. A pesquisa apontou que a baixa qualidade do ar pode afetar diretamente a qualidade do esperma e isso, em outras consequências, pode prejudicar a capacidade da reprodução daqueles afetados.
Os pesquisadores analisaram 33.876 mil voluntários. Esses voluntários são todos residentes de áreas onde a qualidade do ar é ruim. O estudo procurou entender quais as relações possíveis entre a qualidade do ar e a qualidade do esperma destes indivíduos. A conclusão do estudo não deixa dúvidas de que a qualidade do ar esta diretamente ligada a qualidade do esperma e, mais especificamente, a sua motilidade – que é a capacidade do esperma de “nadar” em direção ao óvulo.
Nos estudos sobre a poluição do ar, o “material particulado” (PM) é um termo muito comum. Este termo se refere aos “sólidos” encontrados no ar que demostram a sua contaminação; tratam-se de partículas sólidas e gotículas líquidas encontradas no ar, seja poeira, sujeira, fuligem ou fumaça. O material particulado não é invisível a olho nu e sabe-se que partículas menores de poluição do ar são especialmente perigosas porque são capazes de penetrar profundamente nos pulmões e entrar na corrente sanguínea.
Os perigos da poluição do ar não são exatamente novidade para ninguém, especialmente dentro da comunidade científica. Antes, estudos já associaram a contaminação do ar à problemas de saúde graves, como perda de visão, problemas cardiovasculares e pulmonares, além de autismo. O que este estudo trouxe de inovado é a confirmação de que o ar também influencia a qualidade do esperma e, consequentemente, afeta diretamente a capacidade reprodutiva do ser humano. Até então, essa relação não era clara.
“Este artigo contribui para a base de evidências sugerindo que o link é real e é impressionante porque usa dados de qualidade do sêmen de mais de 30.000 homens”, comentou o professor Allan Pacey, professor de andrologia da Universidade de Sheffield.
Apesar da grande relevância do estudo, no entanto, alguns detalhes foram questionados. Dessa forma, é natural que se faça necessária a investigação e novos estudos sobre o assunto para que novas conclusões confirmem ou corrijam as descobertas.