Você é feliz? Esta é uma pergunta simples, mas muito subjetiva ao mesmo tempo. Cada pessoa vai elencar seus próprios padrões para responder a questão, o que pode tornar um pouco difícil a tentativa de medir a felicidade geral. Ainda assim, a ciência tenta e tem encontrado resultados. Uma observação simples do que vivemos nos tempos atuais também pode ajudar a entender de onde surge o interesse em entender a felicidade, ou tristeza, que enfrentamos.
Falando sobre isso, você já deve ter observado algumas tendências no seu dia-a-dia. Seja nas redes sociais, com pessoas pregando “positividade”, seja nas prateleiras das livrarias, onde livros de auto-ajuda são sucesso; certamente, você já deve ter visto alguém tentando “ensinar” como se alcançar a felicidade. O interessante é que, do ponto de vista de quem consome esses produtos, existe quem ache uma grande bobagem porque ser feliz não é tão complicado; mas também existe quem se afunda nessas ideias de meditação, de mudança de hábitos, de rituais e pensamento, porque encontram profunda dificuldade em alcançar a felicidade.
Por muito tempo, se pensou que a única métrica para a felicidade fossem questões genéticas. Com o passar dos anos, no entanto, essa perspectiva se provou falha e novas teorias surgiram. A genética ainda desempenha um importante papel, mas a psicologia (neurologia, psiquiatria) entende também que o ambiente, o entorno, do indivíduo também influência. Grosso modo, existia a ideia de que a “atitude” era o que determinava se uma pessoa era feliz ou não. No entanto, essa abordagem abre margem para afirmações do tipo “se você não esta feliz, a culpa é sua”. Mas pensar nessas questões, sem levar em conta o contexto socio-economico do indivíduo, não leva a respostas confiáveis.
Natureza e criação
Natureza e criação não são independentes uma da outra. Ao contrário, a genética molecular, o estudo da estrutura e função dos genes no nível molecular, mostra que eles se influenciam constantemente. Os genes influenciam o comportamento que ajuda as pessoas a escolher seu ambiente. Por exemplo, a extroversão passada de pais para filhos ajuda os filhos a construir seus grupos de amizade.
Ao mesmo tempo, o ambiente em que o indivíduo esta inserido também é capaz de modificar a expressão de sua genética. Um estudo observou mulheres grávidas e um caso chamou a atenção. Um feto cujo a mãe experimenta a fome durante a gestação vai ter o desenvolvimento comprometido, o que significa que seu organismo será alterado, consequentemente sua expressão de genes. Esse bebê tende a nascer menor do que deveria, talvez com doenças crônicas, transtornos ou síndromes.
Da mesma forma, um indivíduo já formado, isto é, adulto, pode também sofrer alterações em decorrência do ambiente. Se estiver inserido em um ambiente triste, de baixas oportunidades ou de grandes golpes emocionais, certamente vai ter a experiência de dificuldade para “encontrar felicidade”. Ao mesmo tempo, se estiver inserido em um ambiente de grandes oportunidades, um desenvolvimento emocional bem estruturado, vai achar “mais fácil” ser feliz.
Mas não existe uma intervenção de psicologia positiva que funcione para todas as pessoas, porque somos tão únicos quanto nosso DNA e, como tal, temos uma capacidade diferente de bem-estar e suas flutuações ao longo da vida. De certa forma, nossa “capacidade” de ser feliz reside em nossa plasticidade genética, ou seja, em nossa facilidade para mudar e se adaptar a determinados ambientes. A vida é feita de mudanças, o tempo todo. Quanto mais dificuldade uma pessoa tem para se adaptar a elas, mais infeliz tende a ser.