Livre de julgamentos e longe de olhares tortos, admita: você tem manias estranhas, não é mesmo? A maioria de nós sabe exatamente qual é o hábito mais bizarro que possui, aquele que evitamos fazer quando estamos em público e não queremos ser julgados. Para a maioria de nós, esses comportamentos evitados em público não chegam a ser perigosos ou errados, mas apenas não lá muito aceitos.
Por exemplo, você provavelmente evitar tirar meleca do nariz em público, não é? Em casa, talvez, você tenha mania de se coçar e cheirar a ponta dos dedos; mas não vai fazer isso no meio da rua, não é? Talvez, em casa, você assopre algo que caiu no chão e coma assim mesmo; mas não vai fazer isso no meio de uma rua agitada, certo? Esse tipo de comportamento é inofensivo, na prática, mas simplesmente não é aceito em sociedade.
Ao mesmo tempo, existem também aqueles hábitos que são tão comuns e inevitáveis, que todos nós relevamos, porque sentimos que todos nós fazemos, de alguma forma. Sabe como você faz careta tentando ler algo que esta distante? Sabe aquela mania de fazer bico e sugar o primeiro gole de café da xícara, apenas porque você tem medo de que esteja muito quente? São coisas que você poderia até viver sem, mas que são quase automáticas.
É exatamente sobre uma dessas coisas que a Dr Gillian Forrester decidiu se debruçar. Em um artigo, publicado em 2015, a pesquisadora tentou descobrir algo muito comum, que a maioria de nós faz sem nem perceber: colocar a língua para fora em momentos onde estamos concentrados em algo. Forrester percebeu que este parece ser um comportamento padrão, repetido por um grande coletivo de pessoas e que parece ser reproduzido por todo mundo.
O estudo, de forma geral, acabou acontecendo por acaso. Forrester e um colega estavam com um grupo de crianças voluntárias, desenvolvendo uma pesquisa sobre ações motoras finas e grossas, quando a pesquisadora observou algo curioso. Todas as crianças, quando focadas em alguma atividade, tinham a mesma atitude: colocar a língua para fora. Além disso, a mesma ação também acontecia quando as crianças estavam envolvidas em alguma atividade manual.
O que a pesquisadora acabou concluindo é que a área no cérebro responsável pela gesticulação manual e pela língua se encontram no intercessor da comunicação. Isto é, a mobilidade da língua nesses momentos seria um exemplo de uma capacidade evolutivo. Nossos antepassados teriam desenvolvido a capacidade de gesticular enquanto se comunicam, o que conectou mãos e língua.
Em conclusão, existem fundamentos evolutivos e anatômicos sobre o motivo pelo qual sua língua se contorce quando você está trabalhando com as mãos. Ainda existem muitas perguntas sem resposta quanto a isso, por exemplo: porque, além de colocar a língua para fora, muitas vezes também a mordemos ou imprensamos entre os lábios? Ao mesmo tempo, o pesquisadora sugere que esse comportamento seja mais comum em crianças apenas porque elas não se importam com as opiniões alheias e possuem “autorização” para serem um pouco bagunceiras.