Questões geopolíticas nem sempre são fáceis de entender, o que se torna mais evidente quando alguma notícia chama a atenção em jornais mundo afora. Uma notícia recente que tem dado o que falar, por exemplo, é sobre a nova tentativa da Escócia de colocar em pauta seu projeto de independência. Essa notícia deixou muita gente se perguntando: afinal de contas, a Escócia já não é um país independente? Aí que entram as questões geopolíticas já que, sim, a Escócia é um país autônomo, mas não é necessariamente independente.
Você já deve ter ouvido falar do Reino Unido, não é mesmo? O Reino Unido, na realidade, é a aliança política de quatro nações da região que formaram o estado soberano do Reino Unido. No entanto, essa é uma forma abreviada que se tornou comum de ser usada, mas que também contribui para induzir ao erro. O nome da aliança política é, na verdade, Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte.
O “Reino Unido da Grã Bretanha” é a união dos países que formam a Ilha da Grã Bretanha (Escócia, Inglaterra e País de Gales). Como o nome oficial já explica, nessa união política, a Irlanda do Norte também foi agregada. Sendo assim, o “Reino Unido” é composto por 4 países e, dentre eles, esta a Escócia. O “problema” para muitos cidadãos é o papel de protagonismo que a Inglaterra acaba ocupando quando o assunto é o Reino Unido.
E não é difícil entender esse incomodo, basta pensar, por exemplo, que fora do Reino Unido, muita gente tem dificuldade para entender essa aliança e a autonomia dos países que a integram. Embora desfrutem de autonomia dentro de seus territórios para a maioria das decisões, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte ficam, de certa forma, a sombra da Inglaterra em muitos aspectos globais.
A Escócia vem de uma série de tentativas de abandonar o Reino Unido e se tornar um país não apenas autônomo, mas também independente. No entanto, essas tentativas até hoje não foram bem-sucedidas. Em 2014, houve a primeira tentativa da última década de tentar a independência. Naquele ano, 55,30% dos escoceses votaram não no plebiscito, o que emperrou a proposta. No entanto, em 2017, o Parlamento do país voltou a colocar a ideia em discussão, mas nem sequer conseguiu realizar outro plebiscito. Na ocasião, Theresa May, ex-primeira-ministra britânica, rejeitou a proposta.
Agora a Escócia se vê na mesma posição em que esteve em 2017. O país enviou a proposta, mas recebeu um sonoro não do atual primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, que alegou ter outras “prioridades” do que a independência da Escócia. Além disso, Johnson alega que a questão já foi resolvida no ano de 2014. O problema é que, diferente de 2017, o parlamento escocês parece convencido a levar o assunto até as últimas instâncias se for o caso.
“Minha determinação é garantir um processo que permita que o povo da Escócia, seja sim, seja não ou indefinido, expresse suas opiniões em um referendo legal e constitucional para que a opinião da maioria possa ser estabelecida de forma justa e democrática”, declarou a primeira-ministra do país, Nicola Sturgeon.