Cotidiano

Por que ex-funcionários do Tik Tok estão processando o app

Quando você navega na internet, entre sites e aplicativos, já parou para pensar no mecanismo que existe por trás da interface? Em geral, enxergamos a internet como uma extensão de nossas vidas cotidianas, como se o ambiente virtual fosse inteiramente autônomo e independente. É verdade que se trata de um sistema inanimado, mas é sempre um equívoco se esquecer de que a internet é construída por seres humanos.

A verdade é que, sem algum tipo de ação direcionada, a internet não funcionaria. As redes sociais são um bom exemplo de como essa ação é necessária, afinal de contas são “comunidades” com uma ampla circulação de pessoas. Consequentemente, essas redes sociais são submetidas a leis de diversos países e devem estar atentas ao cumprimento de cada uma delas. Talvez você esteja familiarizado com o termo moderação, certo? Então imagine quantos moderadores existem nas redes sociais, garantindo o bom funcionamento de cada um dos aplicativos.

Uma dessas redes sociais é o famoso Tik Tok, que tem crescido em uma curva impressionante desde que foi lançada. Segundo estimativas, o aplicativo conta com cerca de 10 mil moderadores ao redor do mundo. Você talvez esteja se perguntando para que servem esses colaboradores, o que eles fazem? Bem, o tik tok é conhecido por ser um aplicativo alegre e que possui como alvo principal usuários bem jovens, inclusive crianças e adolescentes. É justamente função destes moderadores garantir este ambiente “feliz”.

O problema é que, para isso, essas pessoas são expostas a todo tipo de conteúdo que se pode imaginar. São vídeos que o usuário comum não assiste porque os moderadores bloqueiam antes. São vídeos de violência, ameaças, explicitamente sexuais, dentre outras bizarrices (e até crimes). Somado a isso, a empresa em questão também é acusada de impor condições insalubres de trabalho. O somatório disso foi um processo movido por um grupo de ex-funcionários. Na Justiça dos Estados Unidos, os ex-funcionários entraram com uma ação alegando danos causados pelo período em que estiveram submetidos as condições de trabalho da empresa.

O que dizem os ex-funcionários?

Ashley Velez é uma das pessoas que moveram ação contra a empresa, uma daquelas que expuseram sua identidade. Ela relata as condições que enfrentava durante o trabalho. Velez era contratada por uma empresa parceira da ByteDance, controladora do app, mas acusa a empresa principal de ditar as regras de trabalho. Velez relatou uma série de detalhes sobre o que enfrentava no dia a dia.

Segundo a denúncia, os moderadores tem em média 25 segundos para excluir ou não um conteúdo, e devem manter uma taxa de precisão de 80% – do contrário, podem sofrer ações da empresa. Os moderadores precisam estar atentos a vídeos que contenham violência, crimes, violações dos direitos humanos dentre uma série de outros tipos de conteúdos que violam as regras da comunidade.

A alta exposição a esse tipo de conteúdo, em cargas horárias que chegavam a 12 horas de trabalho por dia, seria responsável por danos a saúde mental do grupo de ex-moderadores. Eles cobram na Justiça que esses danos sejam reparados, acusando a empresa de não tomar medidas para preservar a saúde dos colaboradores.

 

Sobre o Autor

Roberta M.

Gosto de escrever sobre diversos assuntos, principalmente curiosidades e tecnologia. Contato: [email protected]