Se pararmos para fazer uma comparação da programação infantil na TV aberta da década de 90 e a programação infantil atual, notaremos que os programas voltados exclusivamente para as crianças se tornaram escassos nos últimos anos. Alguns profissionais de TV até chegam a afirmar que a programação infantil na televisão aberta está morrendo. Mas qual será o motivo dessa mudança?
O último programa infantil transmitido na grade de uma grande televisão comercial é o Bom Dia e Cia., do SBT. Contudo, apesar de ainda estar no ar, este programa também sofreu mudanças impactantes em seu formato. Um exemplo foi a saída das crianças na apresentação para dar lugar à Silvia Abravanel, filha de Silvio Santos.
O Bom dia e Cia. está no ar há 23 anos e é um dos poucos sobreviventes entre os programas matinais voltados ao público infantil. A Globo acabou com sua programação para crianças nas manhãs há bastante tempo e, hoje, quase não tem opções para os pequenos em sua grade diária.
Uma das respostas para o fato de as emissoras não estarem investindo na programação infantil é a perda da audiência. Isso aconteceu por causa da intensa concorrência dos canais fechados, que têm programação inteiramente dedicada às crianças, como Disney Channel e Cartoon Network.
Outro motivo evidente para o desinteresse das emissoras abertas na programação infantil são as leis que estabelecem restrições à publicidade para crianças. Até o ano de 2004, Globo, SBT e Record tinham programas infantis na grade da manhã. Hoje, a Globo preenche este horário com programas de variedades e noticiários e a Record tem uma revista eletrônica.
Restrições à publicidade infantil
Para as emissoras abertas, os programas infantis não são interessantes do ponto de vista comercial. O motivo é que as propagandas apresentadas nos intervalos dos programas, que antes mostravam produtos relacionados às crianças, foram banidas da TV por regulações estatais.
De acordo com o Código de Autorregularão Publicitária (Conar) e o Estatuto da Criança e do Adolescente, existem regras para a publicidade voltada ao público infantil. Por exemplo: é proibido usar verbos no imperativo, como “Peça para seus pais”. Além disso, é proibido divulgar produtos que possam substituir as refeições saudáveis ou que incentivem o consumo de fast food e outros alimentos prejudiciais à saúde da criança.
Com essas restrições, a programação infantil perdeu espaço na TV aberta e se tornou mais presente na TV por assinatura. Esse abandono das crianças na programação aberta só não é pior por causa do SBT e dos programas infantis da TV Cultura.