Era fim de 2019, quando um médico chinês começou a chamar a atenção para um vírus potencialmente pandêmico. A história o mundo infelizmente conhece: os alertas foram censurados, nada foi feito, a pandemia se instalou e o mundo ainda tenta se livrar dela.
O golpe foi muito intenso, nada parecido jamais havia acontecido antes na história moderna. Então, o que se aprendeu com tudo que aconteceu até aqui? Uma das coisas que certamente mudou foi a forma como as autoridades governamentais tratam os potenciais surtos. Desde que a pandemia da covid-19 começou, vários outros alertas já foram emitidos.
Não se tratam de alertas vazios, apenas para espalhar pânico. Pelo contrário, muitos alertas foram feitos para que novas pesquisas fossem feitas e cuidados fossem tomados. Afinal de contas, esse é o custo de se viver uma pandemia: aprender com ela.
Um dos maiores desafios nesse sentido é entender como alguns vírus e bactérias já conhecidos podem se tornar em ameaças completamente novas. É o que muitos especialistas estão temendo em relação a gripe aviária, que passa por um novo surto na Rússia.
A Rússia confirmou casos de H5N8, uma das cepas do vírus Influenza A, em uma granja. Pelo menos 7 funcionários foram contaminados e passam por tratamento. O medo dos profissionais de saúde russos é que o vírus se espalhe, já que ele tem potencial para gerar uma nova pandemia. Se isso acontecesse, o mundo enfrentaria duas pandemias paralelas, algo sem precedentes.
Um dos motivos pelos quais a descoberta gera tanta preocupação é que, até então, acredita-se que a H5N8 não gerava sintomas em seres humanos. Em outras palavras, significa dizer que esta cepa da Influenza A sofreu mutação e agora pode afetar humanos. A descoberta levou as autoridades sanitárias da Rússia a adotar novas medidas de segurança.
Agora, a cepa manifesta sintomas em seres humanos e, de acordo com os estudos já realizados, ainda são baixos os indícios de que o contágio se dê de pessoa para pessoa. Ainda assim, os especialistas alertam que o vírus pode sofrer nova mutação. O alerta, claro, gera muita apreensão.
A H5N8 foi identificada pela primeira vez em 2010, na China. Naquela ocasião, os pesquisadores identificaram o vírus em um pato morto. Depois disso, em 2016, a H5N8 já havia sido documentada nos Estados Unidos, Índia, Rússia e alguns países na Europa. Em 2020, 46 países já havia registrado a doença. Até então, no entanto, o vírus acometia apenas aves.
Na Rússia, o vírus foi identificado em funcionários depois de um surto que matou mais de 100 mil aves. Os pesquisadores Weifeng Shi e George Gao acreditam que, apesar do potencial pandêmico do vírus, existem procedimentos que podem evitar que o vírus se espalhe. No entanto, defendem que é importante o alerta.
Os próprios protocolos de segurança sanitários advindos da pandemia da covid-19, por exemplo, já oferecem uma grande mudança. A adesão de cuidados com a higiene, por exemplo, que trouxeram grandes mudanças, podem ajudar a conter possíveis novos surtos. A nova cepa, no entanto, gera sim preocupações e a atenção dos cientistas.