Ciências

Você já ouviu falar na “ilha das pragas” onde estão os vírus mais mortais do mundo?

A pandemia da covid-19 gerou uma intensa onda de debates sobre muitos assuntos que antes eram quase virtuais para o mundo. O vírus, que surgiu em Wuhan, ainda trouxe atenção para o laboratório da cidade, que estudava coronavírus e acabou sendo desativado depois da pandemia. Mas você sabia que aquele não era o único laboratório do tipo? No mundo, muitas instituições possuem laboratórios com os mesmos fins.

São Universidades, Institutos Governamentais e iniciativas privadas que devem seguir regras muito rígidas de segurança, mas que possuem direito de estudar e manipular alguns vírus, bactérias, etc. Um dos lugares mais conhecidos do mundo é o Instituto Friedrich Loeffler (FLI, em inglês), que é um órgão estatal alemão que estuda saúde e animais. Com autorização para tal, o Instituto é um dos poucos no mundo que concentra os principais patógenos do mundo, como ebola, influenza, nipah, Febre do Vale do Riftraiva e Yersinia pestis, apenas para citar alguns. O laboratório fica em uma Ilha, chamada Riems, e por conta de suas características ficou conhecida como “Ilha das Pragas”. No mundo, contando com o Instituto Loeffler, existem 59 laboratórios de segurança máxima. Isso significa que esses 59 lugares reúnem alguns dos vírus mais mortais e perigosos do mundo.

O FLI é especialmente notável porque a instalação é um dos poucos laboratórios BSL-4 que podem realizar estudos animais em larga escala, um negócio especialmente arriscado ao lidar com doenças zoonóticas que podem potencialmente saltar de espécie para espécie. Aqui, os animais podem ser infectados com os vírus e usados para entender melhor como as doenças se enraízam, se espalham e – mais importante – como podem ser prevenidas. As únicas outras duas instalações no mundo onde esse tipo de pesquisa com animais é possível estão em Winnipeg, Canadá, e Geelong, Austrália.

Você pode estar se perguntando sobre a segurança do local e uma certeza é a de que o local possui um esquema de segurança de altíssima complexidade. Para começar, o complexo inteiro só é acessível por uma única ponte, onde a passagem depende de uma série de autorizações. De forma geral, o acesso do público à ilha é limitado. A Ilha é grande e tem níveis de segurança, mas até mesmo os pesquisadores devem seguir um protocolo rígido de higienização antes de entrar e sair das instalações.

Uma vez dentro dos edifícios de alta segurança, os pesquisadores devem usar um traje de proteção HAZMAT completo, fornecido com ar filtrado através de uma mangueira. O traje é inflado como um balão, por isso é difícil para os patógenos entrarem no traje em caso de rasgo. O edifício é totalmente vedado do mundo exterior, completo com várias câmaras de ar e mantido sob pressão negativa para garantir que o ar flua para dentro, não para fora. Qualquer ar ou água que saia do edifício tem que passar por intensa filtragem e esterilização.

O Instituto é importante para a prevenção de novas pandemias porque é focado exatamente em entender vírus que evoluem e infectam pessoas a partir de animais. Esse tipo de instalação é perigosa, quando alvo de más intenções, mas extremamente necessárias.

Sobre o Autor

Roberta M.

Gosto de escrever sobre diversos assuntos, principalmente curiosidades e tecnologia. Contato: [email protected]