Cotidiano

A tragédia por trás do corpo de bebê encontrado em praia da Noruega

A crise humanitária é um problema de raízes profundas e múltiplas, que resulta em cenas desesperadoras e histórias lamentáveis. Ao longo dos últimos anos, o mundo acompanha a migração de pessoas de várias regiões em direção a países “desenvolvidos”. É o caos da intensa migração de cidadãos sírios, por exemplo, que buscam melhores oportunidades na Europa. Mas o problema não é exclusivo da Síria.

Na realidade, o problema da migração em massa reside no fato de que a maioria desses países sofre com algum tipo de crise. Essas crises podem ser crônicas, como é a questão síria, ou pontuais, como é a crise da Venezuela. No caso do país sul-americano, os problemas locais foram escalando até resultar no êxodo em massa observado nos últimos anos, sendo que o Brasil foi um dos países que mais recebeu cidadãos venezuelanos, através das fronteiras.

O que todos esses lugares compartilhar? Fome, péssimo desempenho econômico, tensões políticas e/ou sociais, dentre outros sintomas. A situação chegou ao ponto em que assistimos completamente atônitos a cenas devastadoras. Como é o caso do bebê, de 15 meses, encontrado em uma praia da Noruega.

Artin, de um ano e três meses, estava acompanhado de outros 4 familiares. Toda a família tentava realizar a travessia, em direção ao Reino Unido. De origem curda-iraniana, a família sonhava com condições melhores de vida e novas oportunidades para o pequeno. A tragédia é imensa, porque todos os 4 outros familiares também morreram. Durante a travessia, algo deu errado e o barco afundou. Rasoul Iran-Nejad, de 35 anos, Shiva Mohammad Panahi, 35, Anita, 9, e Armin, 6, também não conseguiram se salvar.

O corpo de Artin foi encontrado no início do ano, mas o naufrágio aconteceu dia 27 de outubro. Em estágio já avançado de decomposição, o corpo foi resgatado em uma praia da Noruega e levado para perícia. As autoridades do país tinham algumas pistas de que o corpo não pertencia a um cidadão norueguês. Em primeiro lugar, não haviam registros de crianças desaparecidas com aquelas características; em segundo lugar, Artin estava vestindo um macacão que não existe na Noruega.

A BBC teve acesso a mensagens enviadas pelo patriarca da família, Shiva, pouco antes do barco virar. Nas mensagens, ele afirma conhecer os riscos de atravessar o canal da mancha em um barco simples, mas afirma que não tinha outra opção. Shiva explica que não tinha dinheiro para arcar um transporte de caminhão, também clandestino. “Tenho mil tristezas em meu coração e agora que deixei o Irã, gostaria de esquecer meu passado“, escreveu em texto.

As autoridades norueguesas conseguiram entrar em contato com duas tias do menino Artin, que foram unânimes no desejo de que o corpo do menino fosse devolvido a sua cidade natal. Nihayat, tia do menino, expressou seus sentimentos conflitantes ao ter a confirmação de que o corpo realmente pertencia a Artin. ” “Feliz que os restos mortais de Artin foram finalmente encontrados e triste que ele nos deixou para sempre”, afirmou.

A vida dos curdo-iranianos é uma das mais duras na região. Eles são o quarto maior grupo étnico de todo o Oriente Médio, mas nunca tiveram acesso a um Estado-Nação próprios.

Sobre o Autor

Roberta M.

Gosto de escrever sobre diversos assuntos, principalmente curiosidades e tecnologia. Contato: [email protected]