Sabe quando você esta conhecendo alguém, a pessoa some do whatsapp e a sua cabeça “viaja” pensando no que pode estar acontecendo? É muito comum que a suspeita e a paranoia acabem dando as mãos para que o cérebro crie realidades falsas. Assim, você pode começar a acreditar que a pessoa tem alguém, que não quer te responder de propósito… por aí vai.
Esse sentimento de insegurança leva a paranoias que acabam se tornando reais nas nossas cabeças, em muitos casos. Muitas pessoas desistem de algo apenas por acreditar naquilo que elas mesmas criaram. Parece algo super humano, ne? Mas não é apenas uma característica nossa.
Pelo contrário, um outro animal também tem essa habilidade e a usa com frequência: os cães. Amigos do homem, parceiros e fieis, os cães na verdade são pouco compreendidos. São animais que realmente tem tem sentimentos profundos, inclusive podendo chegar ao sentimento de ciúmes.
Como perguntar aos cachorros sobre como eles se sentem não é bem uma opção, estudos e pesquisas podem trazer algumas respostas nesse campo, que gera tanta curiosidade, de forma geral.
A pesquisa em questão tem confirmado algo que muitas pessoas já suspeitavam. “Os cães exibem um comportamento ciumento quando seu companheiro humano interage com um rival em potencial”, diz a psicóloga Amalia Bastos, da Universidade de Auckland, na Nova Zelândia.
Em humanos, acredita-se que o ciúme esteja intimamente ligado à autoconsciência, então a pesquisa também tem algo a dizer sobre se os cães estão realmente cientes de si mesmos – e os processos mentais que podem estar por trás do comportamento ciumento que tantos proprietários veem.
Bastos e seus colegas fizeram exercícios com 18 cães, que observaram enquanto seus donos se sentavam ao lado de um cachorro falso de aparência realista ou de um cilindro de lã. O cachorro falso agia como um rival por afeto, e o cilindro agia como um controle.
Depois que os cães observaram a cena com seus donos e o cachorro falso, uma barreira foi colocada bloqueando a visão do cachorro falso, mas não o proprietário ou seus movimentos. Os pesquisadores então deram uma gorjeta ao cachorro falso e deram tapinhas no ombro do dono, sinalizando que eles deveriam fingir que estão acariciando e conversando com o cachorro falso.
Os proprietários estavam, de fato, acariciando uma prateleira coberta de lã neste momento, um esforço da parte dos pesquisadores para evitar que os proprietários fornecessem quaisquer pistas inconscientes ao canino sobre como reagir. Os proprietários usaram frases genéricas – “Você é um cachorro tão bom!” – para evitar deixar seu animal de estimação animado.
O processo foi repetido com o cilindro, exceto por algumas mudanças. Enquanto os donos falavam e acariciavam o cilindro como se fosse um cachorro (usando a mesma tagarelice genérica), o cachorro do proprietário via a interação sem a presença de uma barreira.
O cachorro falso também permaneceu em cena, mas estava localizado a 1,5 metros do dono, estava sempre de frente para o dono e à vista do cão real. Usando um medidor de força, os pesquisadores descobriram que os cães tendiam a puxar as guias com muito menos força quando o cilindro era usado em comparação com o cão falso.
Três assinaturas humanas de comportamento ciumento foram observadas. Em primeiro lugar, o comportamento só surgia quando um rival social percebido estava envolvido e, em segundo lugar, ele surgia mesmo para interações invisíveis com esse rival.
Em terceiro lugar, porque o cachorro falso foi imaginado estar presente durante o primeiro cenário ou estava realmente presente mesmo quando os donos do cão estavam acariciando o cilindro, os pesquisadores podem dizer que o comportamento de ciúme aconteceu como consequência da interação e não apenas por causa de a presença do outro cachorro.
“Esses resultados apoiam as alegações de que os cães apresentam um comportamento ciumento”, diz Bastos. “Eles também fornecem a primeira evidência de que os cães podem representar mentalmente interações sociais que induzem o ciúme.”