Não é novidade que o Ártico vem sendo ameaçado pelas mudanças climáticas. Estas, por sua vez, estão sendo produzidas pela crise ambiental, causada pelo ser humano. O comportamento humano tem levado o planeta a um precipício ambiental, o que pode gerar consequências incontornáveis em muitos casos. Muitas dessas consequências são previstas, de certa forma, mas outras são completamente desconhecidas.
Um novo estudo, conduzido pelo pesquisador Arwyn Edwards, da Universidade Aberystwyth, mostra que um grande risco que enfrentamos é com o derretimento das nossas geleiras, bem como as calotas polares. Para entender isso, é muito simples e você vai ver porque. Quando você compra uma carne, por exemplo, e precisa preserva-la porque não pretende prepara-la imediatamente, onde você a armazena?
Para a maioria das pessoas, a resposta é o freezer. Já se tornou habitual o uso do gelo como forma de conservar alimentos. Mas por que isso? As temperaturas baixas são capazes de congelar um produto. Neste caso, estamos falando de produtos alimentícios, mas não é só isso. Agora imagina que as geleiras são grandes geladeiras. Pense agora que nem sempre aquilo tudo foi gelo. Conseguiu entender o risco?
A verdade, que a comunidade científica tem encontrado cada vez mais evidências sobre, é que as geleiras estão conservando há milhares de anos uma série de microrganismos que nós não conhecemos. Vírus, bactérias, fungos são coisas que certamente estão congeladas e nem todos estão neutralizados. Existem muitos que entrariam novamente em contato com a atmosfera, mesmo estando congelados pelos últimos milhares de anos.
Fim do mundo como conhecemos
O trabalho de Edwards foi publicado pela revista Nature Climate Change, que discute exatamente artigos pertinentes ao tema. Ao longo do artigo, ele explica que o gelo se tornou quase que um “lacre natural”, que mantém uma série de substâncias bem escondidas e neutralizadas. No entanto, esse “lacre” pode estar se desfazendo.
É impossível estimar quantas substâncias podem ser encontradas, quantas já haviam sido descobertas antes. Existe até mesmo a chance de que sejam encontrados resquícios nucleares. Além disso, por ali, totalmente congelados, podem haver bactérias e vírus, que são simplesmente uma incógnita.
Para se ter ideia do tamanho do problema, basta se pensar acerca da pandemia. A covid-19 é fruto de um único vírus, descoberto em um único lugar, e que já vez gerando gatilhos, traumas… A covid-19 vem sendo uma doença nova, cujos sintomas e o funcionamento foram incógnitas totais. Não havia vacina, ninguém sabia como a doença funcionava, etc. Foram precisos quase dois anos para que uma solução fosse apresentada, mas ainda assim….
Agora imagine uma série de doenças surgindo ao mesmo tempo, causadas por vírus e bactérias que nunca foram estudadas antes. Tentar encontrar remédio para essas doenças não é tarefa fácil. Mas essa tarefa se torna ainda mais difícil se as doenças forem sempre uma “novidade”, sempre acontecendo.
Uma ruptura desse lacre de gelo poderia nos colocar de novo em vulnerabilidade de doenças que não conhecemos. A covid-19 mesmo ainda não é 100% resolvida, mas é preciso pensar com calma. O derretimento poderia nos colocar em um ritmo de doenças novas, cujo a proteção ainda não é conhecida.