Há décadas atrás, quando começaram a surgir os primeiros anticoncepcionais, a grande promessa era a de que as mulheres poderiam ter maior independência. A pílula promete independência para decidir quando engravidar, liberdade para ter uma vida sexual ativa sem medo e outros benefícios. De fato, o anticoncepcional promoveu uma verdadeira revolução para uma geração de mulheres.
Escolher quando ter filhos significa, de forma prática e direta, escolher também quando parar de estudar, quando parar de trabalhar, quando se tornar mãe. Toda essa liberdade foi muito bem recebida por mulheres que desejavam ser mais do que apenas donas de casa e mães. No entanto, o tempo mostrou que nem tudo eram flores.
Anticoncepcionais femininos são, em geral, extremamente violentos ao corpo. As pílulas são cheias de efeitos colaterais e podem criar um verdadeiro desequilíbrio hormonal na paciente. Para se ter ideia, existem mulheres que simplesmente não podem tomar os comprimidos, em função da quantidade de prejuízo gerado à saúde. Então qual a resposta para essa questão? O tempo trouxe outras opções de contraceptivo, como o DIU e a própria cirurgia (que, geralmente, uma mulher jovem e sem filhos não consegue fazer, embora seja um direito).
No entanto, sempre foi uma questão a ausência de métodos contraceptivos que se baseassem no homem. Isto é, além do preservativo, que é o homem quem usa, existe apenas a vasectomia, um procedimento radical que a maioria dos homens evita por medo e desinformação. Na prática, a questão que fica é: por que as mulheres precisam se submeter a uma série de prejuízos à sua própria saúde, quando um contraceptivo masculino poderia ser tão mais simples?
COSO: o banho do testículo
É exatamente neste contexto que surge o, já premiado, dispositivo Coso. O dispositivo foi desenvolvido por Rebecca Weiss, uma desenhista industrial alemã que descobriu células cancerígenas no colo do útero, atribuídas ao longo período de uso de anticoncepcionais. Assustada com sua própria situação, ela começou a se perguntar sobre como os homens poderiam fazer parte disso. Seria possível criar um contraceptivo para homens?
Foi assim que ela chegou ao desenho do COSO, uma “banheira” para os testículos. Mas como o dispositivo funciona? O objeto tem o tamanho aproximado de uma caneca e a parte superior possui uma abertura similar a de uma banheira. A ideia é que o usuário repouse o testículo com um pouco de água morna no dispositivo, que vai descarregar uma onda ultrassonica.
O procedimento é indolor, simples e rápido. Segundo os testes, ele é capaz de impedir a regeneração dos espermatozoides por até 15 dias. Isto é, o homem poderia fazer uma aplicação e ficar livre para ter relações sexuais por duas semanas sem o risco de engravidar a parceira.
Por enquanto, o dispositivo foi um sucesso em testes realizados com animais mas ainda falta um longo caminho. É preciso que o projeto tenha aprovação para testes em humanos. Apesar de ainda faltar uma longa caminhada, a esperança de que o produto seja disponibilizado é também uma esperança para que casais possam ter maior liberdade sem que seja as custas da saúde da mulher.
